segunda-feira, setembro 29

Uma opiniãoo ainda mais personalizada sobre a Avaliação

Sei que talvez não seja muito sensato ou produtivo mas gostaria de afirmar a minha posição ainda de forma mais pessoal:
Primeiro: estamos todos de acordo em que a avaliação que existia não era nada, era menos que nada, permitia a consagração da fachada, da funcionalização. Quantos professores eram avaliados com o raríssimo "Não Satisfaz"? E quantos documentos apresentados nos relatórios eram consabidamente falsos? Quantos relatórios eram copiados a partir de outros?
É claro que concordo que há mais Professores que professores, mas o prejuízo causado por um só professor pode ofuscar, diminuir, impedir, sabotar, o trabalho de 10 Professores.Sou pela Avaliação, sim! Eu própria, ao atingir o 10º escalão, pedi, como era meu direito, para ser avaliada externamente à minha Escola. Porque não queria sair da Escola com o mesmo mísero "Satisfaz" de pelo menos três colegas que se aposentariam no mesmo ano que eu.
Podem pensar que isto é orgulho, soberba, mesquinhice, demasiada auto-estima. Pois eu pensei que estava a fazer justiça ao meu trabalho como Professora!
O que penso ainda é que a Avaliação, tal como a vejo, deve ser formativa, isto é, a sua principal finalidade deve ser melhorar o desempenho mais do que "catalogar" o docente como mau ou bom. Essa ideia criámo-la nós, Professores maiúsculos e minúsculos, quando usamos os testes para "ver" quem aprendeu e quem não aprendeu. Na minha óptica, os testes eram primeiramente para eu aferir o meu próprio trabalho e só interessavam se me permitiam ver o que tinha falhado com alguns e porquê. Logo, com os docentes a Avaliação tem de ter esse objectivo. Quem a usar para sobressair (como avaliador), para humilhar, para se vingar, para se apropriar de técnicas e estratégias dos avaliados não merece ser avaliador e deveria ser avaliado negativamente como tal.
Estamos todos no mesmo barco: queremos uma Educação melhor, uma Escola mais activa, mais atractiva, uma Relação interpessoal mais humana. Se a Avaliação não permitir tal, se for realizada com papel e lápis, tesoura e esquadro, fita métrica e relógio, sem alma, sem coração, sem solidariedade, sem justiça, então nem sequer vale a pena começar.

sábado, setembro 27

Eu avalio, tu avalias, ele avalia...

Tinha uma enorme vontade de participar neste encontro de ideias sobre a Avaliação dos Professores mas sentia que pouca coisa de novo podia trazer à colação e por isso me tenho mantido em silêncio. Depois, comecei a lembrar-me de como sempre me bati pessoalmente ou em colaboração com Colegas por uma Avaliação dos Professores justa e, na quinta-feira passada, desloquei-me a uma Escola privada para um encontro com Alunos do 6º ano e tudo me voltou à mente.
Primeiro, e porque neste espaço pouca gente me conhece, começo por informar que o meu uso de maiúsculas é sempre intencional e significativo. Bem, o ambiente que encontrei nesta Escola que visitei fez-me um imenso bem: reconciliou-me com a Escola privada. Tudo o que pude apreciar me permite afirmar sem dúvidas que, ali, avaliar os Professores não vai ser difícil, sejam quais forem os critérios a ter em conta, incluindo, provavelmente, até os Pais e Encarregados de Educação. Para dar mais uma achega, a Escola tem mais de 1200 alunos, o que é obra.
Sei que estou a sonhar (mas não foi a sonhar que consegui tudo o que quis na Vida?), porque a realidade é profundamente diferenciada e não se deveria avaliar actores/acções diferentes com as mesmas medidas. Mas é preciso avaliar e confio que tal será possível a partir precisamente daqueles que, com razão, mais se preocupam com a Avaliação.
Por muito que nos custe, sabemos de antemão que são e serão os Professores mais dedicados, os Professores por vocação, que vão sentir mais na pele o que este sistema traz. Porque são esses os que se preocupam, os que se avaliam a si mesmos todos os dias na privacidade da sua consciência, após cada aula, após cada experiência, após cada teste. E, humanos que são, não podem nem querem ser avaliados como os professores "funcionalizados" que, em maior ou menor número, existem em todas as Escolas. Ser Professor é demasiadamente importante para ser trabalho de funcionários e, portanto, se não agimos como funcionários não podemos ser avaliados com os mesmos critérios. O Professor em cujas turmas alguns alunos não têm sucesso são os mesmos dos alunos que têm sucesso. Logo, o sucesso das turmas não pode ser critério de diferenciação. Mas a atitude do Professor perante o sucesso e o insucesso, por muito difícil que seja de Avaliação, essa, sim, merece sê-lo.
O Professor que reclama que não pode ser bom docente se tiver que permanecer 35 horas por semana na Escola, além das horas para as reuniões, está a lutar pela dignificação da sua acção. O Professor que "chora" o tempo que perde a preencher papéis criados por burocratas, tem todo o meu apoio e compreensão.
Mas se esse mesmo docente nunca tiver tempo para ir até ao recreio, se não for capaz de sacrificar um intervalo para ouvir um aluno ou uma turma inteira, aquele que não "vê" os Alunos quando passa por eles nos corredores e só é docente na sala de aula, esse não é Professor e pode ser facilmente avaliado: sem desprimor nem ofensa, como um simples burocrata.
Ora, o que eu temo é precisamente que a Avaliação, como estava prevista (há tanta mudança e medida avulsa!) "empurre" os Professores para a "funcionalização"! Mas, por outro lado, tenho a Certeza, mais do que a Esperança, de que em todas as Escolas há Professores que vão avaliar e ser avaliados dentro de um espírito de partilha que, sinceramente, eu não senti que existisse antes como factor de carácter geral: praticamente nunca conheci trabalho mais autónomo do que o docente. Será esse espírito de partilha, de entre-ajuda, que poderá fazer toda a diferença e os professores "funcionalizados" auto-excluir-se-ão naturalmente. O que significa que a sua avaliação será um processo fácil e, o que é mais importante, justo...
O que não poderemos evitar, na minha opinião pessoal e discutível, é que a Avaliação veio para ficar. Que, como qualquer mudança profunda (e eu desejaria que ela fosse causa de mudança de tudo o que está menos bem), ela vem sempre acompanhada de alguma injustiça que recai sobre os melhores. Mas que, após um curto período de tempo (assim seja!), ela acabará por se auto-regular. E então os bons e os maus serão facilmente reconhecidos como tal.

Produzir a ambiguidade – uma solução para o problema da sobrevivência profissional.

Simplificar para combater a burocracia, definir objectivos minimalistas que correspondam a práticas correntes, reduzir as grelhas ao mínimo absoluto. Estas são algumas sugestões do JMA que visam garantir a sobrevivência profissional face ao processo de avaliação do desempenho docente.

As sugestões são benignas mas não suficientemente claras para ultrapassar a ambiguidade conceptual que o próprio modelo de avaliação encerra.

Esta limitação acaba por fazer emergir a pergunta:
Será que este repto à simplificação, cada vez mais propagado na escola, ao invés de revitalizar a confiança dos actores situados não estará a gerar ainda mais entropia no sistema por não existir uma ideia suficientemente consensual sobre o significado de simplificar?

Não ouço nenhum professor defender a complexificação do processo de avaliação, apesar dos resultados expressos nas grelhas de avaliação, algumas vezes, sugerirem o contrário. As pessoas querem simplificar mas não sabem como se simplifica. Por falta de respostas, por inconsistências várias, por receio de entrar em conflito com a norma externa, o problema acaba por gerar instantaneamente a sua própria resposta: a produção da ambiguidade faz com que as normas pareçam mais consistentes.

Eis a solução: produzir documentos ambíguos! Houvesse confiança nas pessoas e nos processos situados e nenhuma escola teria problemas com a avaliação do desempenho.

sexta-feira, setembro 26

Apresentação

O Miguel fez-me o convite há algum tempo.
Como chegou por um endereço de email que uso muito pouco, ficou a "hibernar" até anteontem. 

Quando o li a primeira reacção foi declinar, até porque me parece que o meu temperamento e a minha escrita são muito menos calmos e reflectidos do que os dos restantes confrades.

Mas o Miguel não desiste facilmente e por isso aqui estou.
Sem poder prometer uma colaboração muito regular, mas que tentarei que seja num registo que não desalinhe da orientação editorial do blogue.

Entretanto continuarei no outro cantinho onde volta e meia tento (re)flectir e, muitas vezes, me atiro que nem gato a bofe às injustiças com que me deparo.

Cumprimentos a todos os confrades, esperando que a colaboração não deslustre.

Novo confrade…

O JFSantos, um blogger muito interventivo da nossa blogosfera docente, enriquecerá a nossa equipa com o seu olhar sagaz sobre a realidade educativa... e não só.
Bem-vindo, Francisco.

quarta-feira, setembro 24

Avaliação - Construir alternativas sensatas e possíveis

Aceito mais um desafio da nossa querida IC (sempre querendo sarar feridas, sempre procurando o máximo divisor comum, sempre na busca de alternativas à asfixia burocrática ou proletária ou mesmo dos mestres da catastrofe): o de construirmos colectivamente e pluralmente respostas para 3 problemas centrais que afectam do modelo de avaliação em curso.


Começarei pelo último parágrafo de um dos post sobre o suicídio profissional: Gostaria de acreditar que há inteligência suficiente nas nossas escolas para impedir que este cenário se desenvolva. É possível que as soluções, por uma vez, estejam dentro de nós. E não longe, em cima, algures....


Identifico, o que para mim são, 3 problemas centrais: tempo saturado, intenso, complexo; a burocracia (uniformidade, obsessão do escrito, perversão de tomar os meios pelos fins); a atomização e a fragmentação das práticas induzidas pelo modelo instituído.


Ora estes 3 problemas estão a gerar um acentudao desnorte, desgaste, esgotamento, desmobilização. Com a agravante de nos estarmos a perder no secundário (a matriz do suicídio profissional está aqui - a meu ver.


Face a isto, não há muitos, mas de qq modo, vários caminhos. Vejo dois (tipos ideais): berrar e encharcar-se cada vez mais no veneno,pedindo soluções de fora ou de cima. Ou agir, nos contextos da acção no sentido da sobrevivência profissional.


Por mim, opto pelo segundo caminho (sem descurar outros, que não o primeiro que jamais seguirei). No Terrear já sistemazei algumas ideias simples: só pactuar com as reuniões obrigatórias; definir sempre hora limite para a reunião (2 horas, se for possível só uma melhor); reservar sempre 5 minutos finais para avaliar da eficácia (que tem em regra bastante a ver com as metas que devem ser precisas); definir sempre o maior tempo para o que é essencial: pensar, procurar saídas mais sensatas (a isto chamo investigar) para fazer aprender os alunos, instituir a diferenciação pedagógica, avaliar, cooperar na produção de materiais que possam servir ao colectivo; não dedicar mais do que um tempo mínimo à burocracia avaliativa; definir e acordar objectivos idividuais minimalistas e que correspondam às práticas correntes; organizar um sistema de arquivo de dados e evidências (pode ser o portefólio ou outra coisa qualquer); resistir a todos as prisões das grelhas (que devem ser reduzidas ao mínimo absoluto).


Lanço o desafio aos confrades do aragem para que em entradas autónomas enunciem outras saídas possíveis saudáveis e dignificantes dos professores. Saídas que dispensem todas as tutelas infantilizantes e todas as obsessões doentias.


___________
IC -
Acrescento às sugestões do JMA:
Estabelecer uma relação cooperativa entre avaliador e avaliado, assente no princípio de que a avaliação é essencialmente formativa/construtiva.
(Isto será defendido por todos teoricamente, mas é preciso que seja mesmo praticado. Aliás, o avaliador que não se mostre capaz de estabelecer essa relação com os avaliados deverá (deveria) ser considerado inapto para a função de avaliador.

E... por que não assumir a prática de o avaliador disponibilizar a assistência a aulas suas antes de assistir a aulas do avaliado?)

______________
Miguel -
Se bem entendi as questões levantadas pelo JMA e o que elas sugerem, a operacionalização do modelo de avaliação do desempenho imposto pelo ME promove o definhamento profissional. E o seu apelo vai no sentido de encontrarmos “saídas possíveis saudáveis e dignificantes dos professores”. Isto é, para fazer bem o que nos pedem não devemos fazer exactamente o que nos pedem.
Questiono-me muitas vezes se este repto à simplificação, cada vez mais propagado na escola, ao invés de revitalizar a confiança dos actores situados não estará a gerar ainda mais entropia no sistema por não existir uma ideia suficientemente consensual sobre o significado de simplificar?

Agora que o Natal aí vem...

Pois é, agora que o Natal aí vem, porque não tarda nada que as montras se encham de coisas que pretendem ser símbolos, que os anúncios se dirijam ao “espírito natalício”, que os pequenos comecem a pensar numa nova playstation, vou contar uma pequena história que me chegou aos olhos via Internet. A minha conhecida presunção leva-me, até, a crer que a sua divulgação é um acto social...
Mike, como lhe chamam na Internet, passava a época do Natal de cenho franzido, incomodado com o seu aspecto comercial. Parecia que o Natal o irritava e a esposa encarava a tarefa de arranjar um presente para ele com a maior preocupação. Ora uma vez, quando o seu filho mais velho tinha doze anos, participou num campeonato escolar de luta livre em que a sua escola defrontava uma escola pobre das redondezas. O filho de Mike e os seus colegas, devidamente equipados, venceram com relativa facilidade aqueles meninos voluntariosos, alguns até muito bons, mas que competiam vestidos com as suas próprias T-shirts e com sapatilhas tão velhas que mal se seguravam nos pés. A mulher reparou que Mike felicitou o filho com pouco entusiasmo e, a sós com ela, deixou escapar: "Gostava que ao menos um daqueles garotos tivesse ganho a sua partida. Alguns são mesmo bons, mas vão ficar desmoralizados. E ninguém sabe o que pode nascer dessa desmoralização". Isto passou-se a meio do primeiro período lectivo, meados de Novembro, e a mulher de Mike teve uma inspiração: logo que pôde, foi a uma loja de artigos desportivos e comprou camisolas e sapatilhas que mandou entregar naquela escola, para os alunos da classe de luta livre. Trouxe a factura, anexou-lhe uma cópia da carta que enviou com os presentes para a direcção da Escola, meteu tudo num sobrescrito e guardou. No dia de Natal, quando entregava as prendas à família, pegou no sobrescrito e deu-o ao marido, dizendo-lhe: "Toma, aqui tens o meu presente de Natal". Ele abriu, intrigado e ainda de cenho franzido, pelo que o sorriso largo e feliz que se lhe seguiu até aos próprios filhos espantou. Pedindo aos meus leitores que preencham os pormenores que se terão seguido, o que é muito mais interessante do que quer que seja que eu escreva, julgo que adivinham que, daí em diante, o presente de Mike deixou de ser um problema para a esposa: no ano seguinte comprou bilhetes e transporte para que crianças diminuídas mentais pudessem ir ver um jogo importante de baseball. Depois, enviou um donativo para dois irmãos que perderam a casa num incêndio na semana anterior ao Natal. O ponto alto da quadra era o mistério do que estaria dentro do sobrescrito de Mike. Os seus três próprios filhos ficavam tão suspensos do que seria, que pediam ao pai que o abrisse ainda antes de eles abrirem os seus próprios embrulhos.De acordo com a história, Mike morreu no princípio de 2003 e a viúva hesitava se deveria ou não prosseguir com a tradição. Depois de pensar um pouco, decidiu continuar a ajudar alguém como um presente para Mike e, no Natal, junto dos presentes para os filhos e suas famílias, depositou o sobrescrito habitual. Os filhos, já de família constituída, chegaram e cada um deles, sem ter falado com os outros, trazia também um sobrescrito para Mike. Cada um com algo feito para outros que mais precisavam, em memória do pai.Se, nesta altura da leitura, alguém começar a abanar a cabeça e a dizer que isto é treta, desengane-se: há mais exemplos destes do que aquilo que se sabe e quantos mais houver, melhor. Por mim e para já, entre outras coisas, adaptei o procedimento à família. O ano passado, sabendo que um dos meus filhos andava preocupado porque não sabia o que me havia de oferecer no aniversário, peguei o problema de caras e disse-lhe que uma coisa que me daria muito jeito seria arranjar a luz da cozinha (ele é muito jeitoso de mãos). Ofereceu-me e colocou uma luz "decente", como ele diz. Como estou quase a fazer anos outra vez, ontem, olhando para o tecto, disse-me: "Agora, com esta luz, é que se vê como o tecto precisa de pintura". Resposta minha: "Fica para o Natal". Basta-me comprar a tinta... e em Dezembro terei, se Deus quiser, a minha cozinha pintada de novo, como presente. Quem é que disse que, afinal, o Natal não pode ser todos os dias?

segunda-feira, setembro 22

Livros, livros, livros...

As pessoas da minha geração têm, geralmente, uma tentação de conservar as coisas. Ou antes, têm dificuldade de se desfazerem das coisas. A Psicologia pode explicar os fundamentos para esta atitude com relativa facilidade, mas como sempre um pouco em contra-corrente, ando com uma vontade louca de arranjar coragem de me desfazer de mil miudezas, acumuladas em duas casas, ainda por cima. Dar, ninguém quer receber. Uma vez já fiz um leilão, tudo a um euro, e lá despachei umas coisas, mas havia uma motivação que levava as pessoas a comprar: a quantia apurada, devidamente registada, era para ser entregue numa obra em Moçambique.
Este preâmbulo serve apenas para eu expor um problema: o que tenho mais de meu, realmente meu, são livros. E não consigo arranjar coragem para me desfazer deles! Vejo-me aflita para resistir à tentação de comprar mais, o que é praticamente impossível, e depois não sei onde os hei-de pôr.
Bem, mas esta conversa de livros traz agarrada a si uma das coisas mais bonitas de que tive conhecimento como Professora. Não aconteceu comigo, mas garanto a verdade dos factos.
Numa escola dos arredores, durante a experiência da gestão flexível do currículo, o Presidente do Conselho Executivo conseguiu uma adesão extraordinária de toda a comunidade escolar para mudar algumas coisas: não havia campainha, os docentes planificavam em conjunto e quando um tinha necessidade de faltar avisava outro que estivesse livre (tinham os contactos e os horários uns dos outros) e os alunos estavam sempre acompanhados.
Por outro lado, sendo uma zona em que havia algum policiamento mais visível, alguns agentes colaboraram com o pedido feito de "acordarem" alguns alunos que não tinham quem os acordasse. Mas numa de serviço cívico e não de autoridade.
Outra particularidade que eu verifiquei foi a de que os pais eram chamados e recebiam uma espécie de "lições": o seu menino (!) precisava de tempo para brincar, portanto, nada de o obrigar a ir a correr buscar a avó ao centro de dia, ou levar-lhe o remédio, ou ir buscar o irmão à ama... Não é que não fosse bom ele fazer isso, mas tinha o direito a ser criança nem que fosse meia-hora. Além disso, precisava de um lugar para estudar - nem que fosse a mesa da cozinha - e precisava de um lugar certo para pôr os livros... Aí, houve uma gargalhada quase geral: "Lugar para pôr os livros? Quer que a gente compre uma estante, não? Ainda mais essa!"
Mas, pacientemente, se explicou que com dois tijolos e umas caixas de madeira de supermercado se fazia uma prateleira. Ele, Professor, quando se casara, tinha sido assim que resolvera o problema porque o dinheiro não abundava...
Bem, para encurtar a história, vamos ao importante: apesar dos cuidados, havia um aluno que estava quase a reprovar por faltas e como a montanha não ia a Maomé, foi Maomé à montanha: a directora de turma resolveu ir a casa do faltante e, chegando lá, encontrou o seu aluno à bulha com um vizinho e as mães já a começarem a puxar o cabelo uma à outra. A Professora tossiu (é uma maneira muito inteligente de chamar a atenção de alguém...) e a mãe do aluno apartou-se da outra e gritou para o filho. "Oh Jorge, olha a tua Professora; anda-te embora qu'isso é gente que nem livros em casa tem!"
Que belo diploma aquela mãe passou àquela Escola!

domingo, setembro 21

A outra margem

Trovante - A outra margem

Porque o texto da colega Carmo me fez lembrar este outro.

sábado, setembro 20

Há coisas que me continuam a causar espanto!

Estou a escrever pela primeira vez para o Aragem. Sou a Avó Pirueta, tão simplesmente. Tenho que começar por agradecer o convite para participar mas fico um tanto envergonhada com a saudação de boas-vindas com que o José Matias me apresenta. De facto, e muito sinceramente, fico sempre admirada por as pessoas darem tanta importância a pequenas coisas que faço. Por isso, queria desde já esclarecer quem me começar agora a conhecer que tudo o que tenho feito na minha vida, se ajudou outros, ajudou-me primeiramente a mim própria.
Não sou angolana, nem moçambicana, sou, antes de mais nada, uma cidadã do mundo que tem uma costela profundamente africana. Algo em mim me empurra para África e não há dúvida de que África exerce sobre mim uma atracção difícil de gerir.
Como Professora, pois vou sê-lo toda a vida, enquanto tiver um cérebro que funcione, e falando de Angola e Moçambique, foram espaços em que me senti completamente realizada. A Educação, representada pela Escola, apresenta-se-nos aí com toda a sua importância. O que se faz são milagres, muitas vezes improvisados (quase sempre, para ser mais franca). Mas os milagres não resolvem problemas de fundo. Aliás, milagres é coisa que não me seduz por aí além, e estou muito bem acompanhada: Jesus não gostava nada que lhe pedissem milagres...
Bem,´Angola e Moçambique têm uma imensa população infantil e juvenil. A maior parte sedenta de aprender. Não me vale de nada dizer que Angola é muito rica. Não é o dinheiro que prepara Professores, é o Tempo e bons Mestres. Há uma grande carência de professores bem preparados, sim, mas também de manuais escolares adequados à realidade local. Até o vocabulário deve ser bem estudado. Porque para aprender, nos primeiros anos, e especialmente no interior, serve qualquer árvore que proteja do sol...
Não é por tudo isto, contudo, que alguma vez deixarei de me interessar pelo que se passa na Escola em Portugal. Sou, nesse campo, bastante crítica sempre que não se faz o possível. E não me estou a referir só aos professores: na Quinta-feira, em Lamego, ouvi uma conversa de rua entre duas mães. Relativamente jovens. E dizia uma delas: "A minha filha, coitadinha, lá foi hoje para o liceu! A primeira vez! Vinha assustadita, coitadinha! É muita coisa, muitos livros, muitos trabalhos! Deus queira que ela se dê bem!"
É claro que a coitadinha não se vai dar bem! Cada vez que não se apetecer trabalhar, basta arranjar uma carinha preocupada (à porta de casa), dizer que está cansada, que tem muito que estudar. E aquele mãe amantíssima irá a correr mandá-la sentar-se no sofá, levar-lhe o lanchinho num tabuleiro e dizer que descanse. Ora bolas! Estudar é algo que Pais e Professores (as minhas maiúsculas são sempre intencionais e significativas) devem estimular como uma tarefa que nos ajuda a crescer. Não é uma penitência, é uma oportunidade! Por cada menino mimado que acha que a Escola é uma chatice, há centenas, para não dizer milhares, de meninos para quem a Escola é um sonho, uma miragem.
Fico por aqui. Na próxima darei exemplos mais concretos. Porque gosto de chamar as coisas pelos nomes.

quinta-feira, setembro 18

Aplaudamos, pois!

Seria bom seguir-lhes o exemplo noutros domínios: via Rui Bebiano

quarta-feira, setembro 17

Tempo de boas-vindas...

É com prazer que anuncio mais uma jovem presença no Aragem: a Carmo Cruz (a Avó Pirueta). Professora aposentada do 9º grupo (secundário, Inglês - Alemão), é uma maravilha de determinação, de cultura, de amor ao próximo, de dedicação, de sabedoria. Conheci a Carmo, talvez há dez anos, quando ela trabalhava na Escola Secundária Filipa de Vilhena e organizava na Areal eventos diversos ligados à formação de professores. Aposentada, rumou a África (primeiro Moçambique e depois Angola, de onde, creio, é natural) onde semeou muito de si. 

É uma mulher do mundo e da humanidade. Creio que ficamos todos numa óptima companhia. Sê bem-vinda, Professora Carmo. Farás este espaço melhor. 

Cabe-me a honra de apresentar...

... mais um elemento da confraria.
É o meu amigo e colega Joaquim Lopes, mais conhecido no ciberespaço por Herr Macintosh ou simplesmente Jakim.
Dos melhores professores que conheço. Meu mestre em tecnologias desde sempre: tenho de lhe agradecer este vício terrível em que acabei presa, embora eu já tivesse uma tendência (ele apurou-a e assim me condenou a esta escravidão :). Só não conseguiu converter-me aos Macs... (Fomos colegas na Luísa Todi por muito mais que dez anos... partilhámos anos de projectos... Nónio, Ciência Viva, Laboratório multimédia e outros desvarios).
Crítico, cáustico, com um sentido de humor especial, pareceu-me que seria uma boa sugestão para enriquecer a nossa confraria.
Ah! Gosta muito de Matemática... está ligado às TIC - sendo coordenador, professor, formador (e dormindo muitas vezes na escola), ... mas é professor de História e Língua Portuguesa... especialmente do 2º C.... embora este ano esteja a tomar conta de sétimos... Comprador compulsivo de livros (eu e ele competimos frequentemente e recebo dele dicas fantásticas... fica a Amazon a ganhar... e a minha mente também...).
Especialista em multimédia e e-learning... ele que diga o resto.
(Cora com facilidade... já deve estar corado agora com tanto elogio)

Bem-vindo Joaquim!

terça-feira, setembro 16

...como as cerejas

...são as conversas e os pensamentos. O excerto deixado pelo JMA lembrou-me este outro sobre a aprendizagem da democracia na escola:

"De que modo organizar então uma socialização democrática? Tentando organizar a escola como uma cidade democrática" (...) Todos sabemos que, partindo do facto de que não se sabe ler, é a ler que se aprende a ler. O método resulta porque estes 'primeiros passos' (é assim que se aprende a andar!) são acompanhados por um adulto que, a fim de que a acção seja possível, guia e compensa as lacunas provisórias de quem aprende e retira-se à medida que a sua assitência se torna supérflua. A aprendizagem da democracia pelas crianças e adolescentes só pode ser encarada assim."
Philippe Perrenoud, 2002, A escola e a aprendizagem da democracia, Porto, Ed. ASA, p. 46

segunda-feira, setembro 15

A Maternagem...

Por amável sugestão da IC, aqui retomo a parte final de um texto que amo (há muito tempo) e que coloquei no terrear:

"(...)
A terceira prática é a maternagem. Quando a criança aprende a andar, a mãe não discorre nem demonstra; ela não ensina a marcha, não a representa (não se põe a andar diante da criança): apoia, encoraja, chama (recua e chama): incita e protege: a criança pede a mãe e a mãe deseja a marcha da criança."

Roland Barthes

As palavras que (não) salvam...

(...)
Un grupo de ranas caminaba a saltos por el bosque. De pronto, dos de ellas cayeron en un hoyo profundo. El resto de las ranas se reunió alrededor del pozo. Cuando vieron cuán hondo era, les dijeron gritando a las dos compañeras que se dieran por muertas, que ni se les ocurriera tratar de salir.
Las dos ranas no hicieron caso a los gritos de sus amigas y siguieron intentando con todas sus fuerzas salir fuera del hoyo. Las que estaban fuera insistían en que los esfuerzos serían inútiles.
De pronto, una de ellas creyó que era preferible hacer caso a los consejos de las compañeras: ¿qué sentido tenía seguir saltando?, ¿para qué ese esfuerzo estéril? Tarde o temprano el desenlace fatal se iba a producir. En definitiva, que se rindió, se desplomó y murió. La otra rana no se daba por vencida y continuaba saltando tan fuerte como le era posible: “¿por qué no voy a salir?, ¿por qué no lo voy a intentar una y otra vez? Puede ser que no lo logre, pero yo lo voy a seguir en el empeño”, se decía.
El resto del grupo, al ver lo sucedido con la rana muerta, le gritó a la otra que abandonara aquel martirio inútil y que simplemente se dispusiera a morir, ya que no tenía sentido seguir luchando. Pero la rana, en un esfuerzo supremo, saltó una vez más y logró salir del hoyo. Y afuera la felicitaron:
- Nos alegra que hayas logrado salir, a pesar de lo que te gritábamos.
La rana no daba señales de entender nada de lo que le decían. Las otras, entonces, le hicieron gestos para que explicase lo que sucedía. La rana les explicó entonces que era sorda y que, aunque no había podido escuchar lo que le decían, había pensado que la estaban animando a esforzarse más y más para poder salir. Y que por ello les daba las gracias. Sus gritos de aliento la habían salvado
La rana se salva porque interpreta las voces como gritos de aliento, como impulsos para la superación. La animan, la motivan, la hacen saltar. Y, en definitiva, la salvan. Tiene la rana no sólo una respuesta coherente con lo que cree que le dicen. Además, tiene la magnífica actitud de interpretar de forma positiva aquellas voces que se dirigen a ella de forma inhibidora y destructiva. Es esa una actitud mejor que su contraria: la actitud de convertir en estímulos negativos lo que el otro plantea como impulsos para la superación.
(a partir de MSG)

sexta-feira, setembro 12

É uma boa notícia: O Aragem não definhou!

Agora, como lembrou a IC, basta que cada um assuma o Aragem como “nosso” – portanto como seu! “[...] faz todo o sentido o Aragem continuar (Henrique)”, faz todo o sentido fazer do Aragem “O espaço de todos os que aqui passam (Matilde).

Sim, “porque há aqui laços... e o Aragem é uma forma de os manter (3za)”. “O fio condutor já existe: EDUCAÇÃO e CIDADANIA (com algum humor pelo meio que também faz falta) (13za), “ “leveza, alternatividade, poesia, música, videos, filmes; e registo de boas (e menos boas) práticas... (JMA). “Mas sempre uma ARagem mesmo... leve, fresca, descansada... (Ana)”.

É verdade que “Algumas regras básicas organizacionais poderão ajudar (um cronograma flexível de 'editoração', temas para debate..., sei lá... (JMA)”. E se deixarmos que todas as propostas já experimentadas sejam relançadas sempre que a iniciativa de cada confrade o ditar? Se concordarem esta seria a regra. Portanto, cada um estabeleceria a regra num período de tempo restrito.

Porque me cabe estabelecer a primeira(?) regra, é tempo de reabrirmos a porta do Aragem a novos confrades. Há sugestões?

quarta-feira, setembro 10

Tudo Acontece por Bem (?)

"O extraordinário contador de contos e íntimo amigo Paco Abril falou-me uma vez de um rei que tinha uma interminável corte de assessores. Um deles distinguia-se porque, depois de cada acontecimento, apostolava de forma inexorável: "Tudo acontece por bem". Um dia, o rei partiu um braço. Os assessores pensaram que essa seria a ocasião propícia para que o companheiro optimista perdesse os favores do monarca. De facto, quando o rei se encontrou com o seu assessor predilecto, este perguntou-lhe:

- Majestade, que aconteceu?

- Uma queda desafortunada provocou-me a fractura do braço e tenho umas dores horríveis.

- Tudo acontece por bem, Majestade, disse o assessor.

Essas palavras provocaram a ira do rei, que o encerrou imediatamente nas masmorras do palácio. Alguns dias mais tarde, o rei saiu de passeio a cavalo. Perdeu-se. Caiu em mãos de uma tribo de antropófagos. Decidiram condená-lo à morte e comê-lo. Quando estavam prontos para o sacrificar, o feiticeiro da tribo disse:

- Não podemos comer o rei. O seu braço não está bom. Se o fizermos, podemos morrer.

O rei foi libertado. Graças à rotura do braço, salvou a sua vida. Regressou ao palácio e dirigiu-se, sem perder tempo, à cela do assessor prisioneiro. Contou-lhe o que tinha sucedido.

- Tens que me perdoar. Tinhas razão. O braço ferido salvou-me a vida. Mas para ti não foi negativo, uma vez que foste preso. Sinto muito. És livre outra vez.

- Também para mim foi positivo. Porque se não tivesse estado na prisão, teria saído de passeio a acompanhar, como sempre, sua Majestade. Os membros da tribo, ao ver que o meu braço estava bom, ter-me-iam comido."


(a partir de MSGuerra)

sábado, setembro 6

Conversa secreta

Eva: Tenho um problema.

Deus: Qual é o problema, Eva?

Eva: Sei que me criaste. Que me deste este belo jardim, todos estes animais maravilhosos e esta serpente com que me farto de rir... Mas não sou feliz. Estou sozinha, aborrecida, farta de comer maçãs...

Deus: Bem, Eva, não te preocupes, tenho uma solução para o teu problema de solidão. Vou criar um homem para ti.

Eva: O que é um homem?

Deus: O homem será uma criatura imperfeita, com grande capacidade para armar intrigas e mentir. Será exímio em enganar e muito orgulhoso. Digamos que te irá criar alguns problemas. Mas será mais forte e mais rápido do que tu, de modo que te poderá proteger fisicamente. Gostará de caçar e de matar animais, terá um aspecto primitivo e uma mentalidade simples. Não será muito inteligente. Distinguir-se-á na execução de criancices, como dedicar-se a dar pontapés numa bola. Mas como te queixas de solidão, irei criá-lo de modo a satisfazer as tuas necessidades físicas. Uma coisa é certa, necessitará sempre do teu conselho para agir correctamente.

Eva: Estou a gostar de ouvir, disse Eva, enquanto levantava o sobrolho com ironia. Mas, que terei eu de dar em troca?

Deus: Como te dizia, o homem será arrogante, vaidoso e muito narcisista... Deste modo, terás de lhe dar a entender que o criei a ele em primeiro lugar. E lembra-te que será este o nosso segredo. De mulher para mulher.

(Fonte: MASG)

Blogue brilhante

A Teresa e a Isabel nomearam o Aragem. Há aqui um erro, um vício na nomeação, porque as duas fazem parte da confraria. E quem é que se importa? Pelo que percebi das regras [eu disse regras?] do concurso [presumo que serão ainda menos viciadas do que foram as regras do concurso para titular], há que nomear sete blogues brilhantes.


Sugiro que deixemos de fora dos holofotes os blogues pessoais dos elementos da confraria. Cada um dos confrades deverá entrar no modo de edição desta entrada e acrescentar um blogue que no seu entender mereça o título. Simples? Fecharei a entrada depois das vossas votações.

Quem é @ primeir@ a nomear e quem merece a nomeação?

3za - Piruetas de Avó ...

JMA - participo para dizer que não sei... (a hipótese da 3za, era a única que me ocorria...). Mas digamos que também não vou muito à confraria dos prémios...

IC - Como já fiz a minha lista no meu cantinho, estava a deixar as nomeações para outros confrades. Mas, como tardam, sugiro uma, não sem antes dizer que o meu conhecimento da blogosfera é muito circunscrito e que ligo pouco ao título "brilhante" (nem tudo o que brilha é ouro, diz a sabedoria popular). Porque conheci há pouco tempo o blogue da Fátima André e gostei, tendo-o juntado às minhas visitas frequentes, aqui o acrescento: Revisitar a Educação

tsiwari : sem qualquer hesitação - anterozóide - pelo sorriso que consegue pôr-me nos lábios, post após post.

Miguel: Entre as intermitências dos confrades mais... errantes ;) deixo uma ponta para um blogue que nunca me deixa indiferente. A Lucília Nunes é uma professora [de outro nível de ensino] que gosta de conversar com subtileza. Coisa rara neste tempo. O blogue é o Conversamos?!

quarta-feira, setembro 3

Que futuro para o nosso Aragem?

Caros confrades,
Com a presente entrada convoco-vos para um debate sobre o futuro do Aragem. A vossa opinião e os olhares sobre o assunto podem ser lançados aqui, no próprio Aragem, em canal aberto. Se preferirem manter a discussão em canal fechado, não há qualquer problema, basta um email.

Permitam-me eleger uma razão epidérmica, como eu gosto de a designar assim, para mantermos este cantinho: sinto que há uma grande empatia entre os confrades, naturalmente essa proximidade é variável entre elementos da equipa. Há outras razões, obviamente. Mas não quero centrar a conversa naquilo que penso sobre o assunto.

Passo-vos a palavra...

terça-feira, setembro 2

ALPORTUCHE


ALPORTUCHE

É um espaço renascido e renovado que pretende colaborar na preservação do Parque Marinho da Arrábida, de forma particular, mas procurando envolver o maior número possível de pessoas.
Aqui fica a divulgação e uma chamada de atenção.

segunda-feira, setembro 1

... e já voltamos ao costume!!!

[Dedicado à IC]

Ainda nem conheço a maior parte dos colegas. Muitos novos a chegar, de expectativas numa mão e receios noutra.

E já tenho os entusiastas notórios e os derrotados à nascença.

Quem sabe disto são os Deolinda. Ora ouçam e vejam lá se não reconhecem a realidade de muitos locais de trabalho (escolas incluídas)...


... e preparemo-nos para isto.


Acabaram as férias...

Não se esqueçam de vir assinar o livro de ponto! ;o)

Entretanto, deixo uma canção...
[Não me ocorre outra, mas a voz do Zeca nunca é demais... Talvez o Tsiwari queira ajudar com outra canção de "arranque"...? ;) ]