quinta-feira, dezembro 24

Bom Natal para toda a confraria e não só...

Um bom Natal para tod@s @s companheir@s de viagem. :)

domingo, dezembro 20

Um Natal d'Arromba!

Um Natal em paz, alegria e muita saúde, para todos vocês.



quarta-feira, dezembro 16

Feliz Natal!

Para todos os confrades e visitantes do Aragem...

Scratch Project

Clicar e ligar o som

sábado, dezembro 5

Enquanto os confrades estão em silêncio...

... podem escutar e olhar ;)

domingo, novembro 8

Altas matemáticas nos rankings

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(Imagem da net)


Sem me perder em considerações outras, partilho um link para um texto que tece algumas reflexões sobre o modo como são ordenadas as escolas/agrupamentos nos famosos rankings do Ensino Básico :

http://www.esvilela.pt/docs/0910/noticias/embuste.pdf

segunda-feira, outubro 19

Encontro de três confrades



Aproveitam-se os pretextos possíveis e lá consegui juntar o JMA e a IC :)

quinta-feira, outubro 15

Da In/Disciplina na sala de aula - sugestão de leitura

Sugiro vivamente a leitura deste post do JMA, já que ele foi ultrapassado rapidamente por outros. Como o texto é longo, deixo uns pequeninos excertos para "abrir o apetite". (O primeiro, fora da frase completa, fica em jeito de título)

. como o estilo de comunicação e de ensino utilizado pelos professores na aula se pode tornar factor de indisciplina

. Para além das metodologias utilizadas, outros factores são importantes, tais como as posturas incorrectas do pro­fessor, incorrecta administração do espaço e do tempo, incapacidade de «testemunhar» o que se passa nos quatro cantos da aula, a má gestão das intervenções e dos estímulos à participação

. Estrela (1986: 152) verifica, por exemplo, que a maior parte dos comportamentos perturbadores se produzem quando o professor se revela incapaz de prestar atenção simultânea a duas ou mais situações diferentes

. Amado (1998), por sua vez, associa os «desvios à comunicação» por ele observados em aulas, aos momentos e situações em que:
- os alunos «de trás» (às vezes aí reunidos livremente) eram aban­donados à sua sorte;
- o professor se virava de costas para a turma a fim de escrever no quadro;
- o professor se alheava da turma e atendia a situações pontuais ou procurava algo;
- o professor decidia mudanças de actividade;
- os alunos acabavam a tarefa e permaneciam sem novas instruções;
- o professor tinha um discurso oscilante, como quando deixava um tema, iniciava outro e de repente, voltava ao anterior.


. Em suma, trata-se de um conjunto de situações já, em parte, identifi­cadas por diversas investigações como possuindo uma forte correlação com a indisciplina. Saliente-se que algumas destas situações foram clara­mente denunciadas pelos alunos como incompetências didácticas e facto­res da indisciplina.

. o professor não pode revelar incapacidade de exercer adequadamente o seu poder, manifestar falta de autoridade, de firmeza e de experiência

. os alunos esperam que os professores actuem com autoridade e poder dentro da aula. (...) O problema está na gestão desequilibrada dos poderes e na queda em extremos: autoritarismo de um lado e permissividade, do outro.

. A assertividade - Esta é a característica do professor que sabe fazer-se respeitar começando por respeitar os alunos, acredita neles e con­fere-lhes responsabilidades, censura e admoesta recordando a regra, tem em conta os comportamentos e não as pessoas (sem perder o humor, sem ser cínico, sarcástico ou ofensivo). (Este é o último parágrafo do post do JMA, o destaque é meu e desculpem o sublinhado, mas, a meu ver, é a característica sem a qual as outras de pouco ou nada servem, embora muito importantes se associadas com ela)

terça-feira, outubro 13

Em Homenagem à IC

Não conheço pessoalmente a IC. Mas creio conhecer no que é mais importante, no que "é invisível aos olhos": a dedicação profissional, o respeito pelos alunos, o desassossego face às rotinas paralisantes, a esperança, a persistência... Atributos que já me fizeram oferecer-lhe um dvd, dos que mais amo.

Ela é a responsável por estar a escrever estas palavras. Para dizer o quê? Penso na resposta. Hesito um pouco. Mas logo a mente se agita. Escrevo para dizer a necessidade de nos reinventarmos como pessoas e como professores. De nos reinventarmos numa profissionalidade exigente e solidária mas afastada do balido do rebanho. Para dizer que temos de fazer da profissão o "primeiro de todos os ofícios". O mesmo é dizer colocar os alunos em primeiro lugar no seu direito/dever de aprender as bases do ser, as bases da cidadania, da responsabilidade. Para dizer a urgência de reinventar a escola, necessária casa de humanidade, longe das montanhas de papéis, longe dos rituais burocráticos, longe do faz de conta, longe da irresponsabilidade.

Para dizer a imperatividade de uma outra política: que não deixando de ser exigente, não esqueça que as pessoas não podem ser sistematicamente desautorizadas. E que o centralismo burocrático é a mais perniciosa das ilusões.

domingo, outubro 11

A minha tese e o Kenny

Hoje apeteceu-me ouvir Kenny Rogers... o meu marido diz que sou nova demais para ouvir isto... quero lá saber! O senhor faz-me sentir bem e relaxar... numa altura em que me esforço por escrever um capítulo da minha tese!!!


sexta-feira, outubro 9

Criatividade no ensino precisa-se!

A pedido da Isabel Campeão, publico aqui o meu último post.
Seguem-se algumas questões da Isabel que poderão servir para provocar alguma discussão e dar uma ar fresquinho ao Aragem. Que tal?

"Terça-feira, Outubro 06, 2009
Começo a conhecer, pouquinho a pouquinho, as minhas turmas (7ºano). Esta sensação é sempre engraçada: cada turma é composta por 20 a 25 adolescentes que tento sempre conhecer bem na sua individualidade, nos seus gostos e interesses, sobretudo, nas suas necessidades de aprendizagem.
Tive três aulas hoje; apenas uma com a turma completa; as outras duas com grupos de apoio. O primeiro grupo de apoio: brincalhão e desmotivado; as estratégias a seguir terão que ser essencialmente lúdicas naquele pequeno espaço em que procurarei que me tragam as dúvidas que são incapazes de expor frente ao grupo-turma completo. Esperava o pior do segundo grupo: demasiado grande, muitos rapagões que na aula facilmente se distraiem. Fiquei boquiaberta: postura extraordinária de quem reconhece que precisa da minha ajuda extra: foram concentrados, agradáveis, trabalhadores; saí de lá feliz e muito orgulhosa deles.
Mas.. vamos à aula da manhã: último tempo, antecedendo a hora de almoço com um grupo de 25 conversadores, inteligentes mas agitados. As minhas aulas são normalmente muito participadas pois parte do meu trabalho passa muito mais por puxar pelos neurónios deles do que expor conteúdos (só se aprende a ler e a escrever, lendo e escrevendo e, sobretudo, pensando: a gramática é só para dar uma ajudinha).
Hoje íamos finalmente constituir os grupos e iniciar as leitura dos contos tradicionais que deverão passar a narrativas digitais (ver em
http://eestorias.wordpress.com). Antes disso, uma pequenina tarefa de escrita. A forma como reagiram levou-me depois a pensar na diferença de modos de ensino. A forma como a propus é natural para mim (os meus alunos costumam habituar-se depressa ao facto de eu "fazer diferente" e convivem bem com o facto; sou chata, faço-os trabalhar muito mas convivemos bem). Vejamos:
MODO UM (o que eu não usei): "Meninos vamos aprender como se faz uma Biografia, têm aqui uma fichinha e tal ; isto faz-se assim e assado, perceberam? toca a fazer a Biografia da pessoa tal... sem hipotese de escolha..."
MODO DOIS : ora bem, os contos populares que vão hoje começar a ler foram recolhidos por um escritor chamado Teófilo Braga. O nome diz-vos alguma coisa? Alguns lembraram-se de ter ouvido falar dele nas aulas de História e Geografia e Portugal :-) e sabem que data se comemorou ontem? Implantação da República... quase 100 anos! E o que é que uma coisa tem a ver com a outra? pois bem se são uma e a mesma pessoa, não acham que merece uma Biografia? Dou-vos 3 coisas: duas datas e uma nuvem. Uma nuvem? Sim. Uma nuvem de palavras. Ganha a Biografia que conseguir usar mais palavras desta nuvem. E vruummm.... lá foram eles... todos.... aplicadíssimos a fazer a tarefa... e sempre preocupados porque eu sou tão má que lhe dou limites temporais. Ainda não vi os resultados mas para mim o melhor já foi... o gosto por escrever e descobrir, no final, quem foi Teófilo Braga."


"Modo um" - o que não usaste mas que é o usado pela maioria dos professores;"Modo dois" - o que usaste e deveria ser usado por todos os professores.
O que é preciso para que grande parte dos professores mudem os seus métodos, que são os mesmos com que foram ensinados, e a geração anterior idem, etc. ??? Problema da formação de professores? Problema de comodismo para não usarem a criatividade? Resistência a qualquer mudança? Insegurança? Outro que não me ocorre? (IC)

domingo, setembro 20

Felings...

Parar o tempo por um (perfeito) instante

sexta-feira, setembro 11

terça-feira, setembro 1

De volta à vida...

Sei que andei desaparecida muito tempo mas pensei que o Aragem estivesse vivo...

Não o vou ressuscitar mas posso tentar, certo?


sexta-feira, agosto 21

Rir e Recordar

Para rir e recordar, num dos que, para mim (hum... apesar do nome da vaca), será um dos tantos bons momentos com que Raúl Solnado nos continua a presentear. Obrigada Sr. Raúl! :)

quinta-feira, agosto 20

Tens toda a razão, Miguel!

Toda a razão. Vou tentar redimir-me, partilhando algo que sei que nos interessa e que acabo de ver via Facebook:

Ou…

O Aragem está inerte, em estado vegetativo: Aqui e ali dá sinais de alguma vitalidade, mas regressa rapidamente ao seu estado letárgico. Já lhe perdi a conta mas foram várias as tentativas de reanimação, quase sempre graças à persistência da IC. Este cantinho da blogosfera, que já albergou bonitas tertúlias, não é mais do que um ponto de encontro, um local que revisitamos só porque nos aviva a memória. É isso, o Aragem é um baú de memórias… Por mim poderá continuar assim, desde que possa ser reanimado!...

Há instantes em que me apetece deixar alguns pensamentos soltos, ou apreciar um vídeo, ou dizer um olá, ou observar uma tela daqueles pintores que nos enchem a alma, ou entrar e sair só para rever o lugar, ou...

[gostava muito de indicar o local do qual eu retirei a imagem... :( ]

quarta-feira, julho 1

domingo, maio 24

Scratch Day

Já que a 3za abriu o apetite, agora fica também aqui o vídeo do decorrer do evento (para quem ainda não o tenha visto).

Aqui

sexta-feira, maio 8

sábado, maio 2

Articulação curricular – revisitar os fundamentos

Quando dizemos que a educação escolar visa a formação integral das crianças e jovens estamos a dizer duas coisas muito simples: 1. Que a personalidade é multilateral e harmoniosamente desenvolvida; 2. Que as disciplinas escolares cooperam no desenvolvimento dos diversos aspectos da personalidade.
A organização do sistema educativo, os conteúdos curriculares e os programas de ensino, devem estar devidamente articulados, direi, harmoniosamente articulados, porque se crê que a harmonia do sistema escolar é conexa à harmonia do desenvolvimento da personalidade das crianças e jovens.
É neste sentido que eu defendo que a articulação curricular está impregnada no meu conceito de escola. A articulação curricular não é mais do que uma forma de facilitar a assimilação de cultura às crianças e jovens e porque é uma forma de tornar mais eficiente o processo educativo. Mas convém relativizar a importância da articulação curricular no processo de formação da personalidade dos sujeitos:

  • Primeiro, porque as crianças e jovens têm uma palavra a dizer na sua própria formação, isto é, são sujeitos “activos. Quero com isto dizer que as crianças e jovens não são apenas objecto e produto das relações sociais e das actividades em que participam. São também sujeitos activos, actuantes e transformadores das suas circunstâncias.
  • Segundo, porque é possível o desenvolvimento da personalidade dos sujeitos sem um sistema educativo coerente e articulado. Recusar esta evidência é admitir que o sistema educativo português nunca educou. Recusar esta evidência é fazer-de-conta que a articulação curricular foi mais do que algumas experiências de colaboração avulsas, reguladas administrativamente, compulsivas e orientadas para a implementação de ordens superiormente determinadas.

A IC enfatizou, no comentário à minha entrada anterior, as possibilidades e dificuldades da articulação curricular. JMA considera que é necessário intervir a montante. Subscrevo os dois pontos de vista. Mas eu não sei a que "montante" se refere o JMA. Sei que a escola, como um espaço de ensino e aprendizagem, em qualquer área do conhecimento e da cultura, deve consubstanciar, antes de mais, um processo pedagógico de desenvolvimento da personalidade, tem de ordenar valorativamente as actividades escolares, já que são as actividades que suscitam a autonomia, um determinado grau de consciência e um determinado grau de criatividade às crianças e jovens.

O reino das articulações débeis num modelo escolar fabril

A Isabel em longo e pertinente comentário colocado na entrada anterior faz uma interessante reflexão e termina com 3 questões que nos devem fazer pensar. São difíceis as questões. Impossíveis, talvez, as respostas. Porque a matriz do modelo escolar, a sua gramática mais profunda funda-se na ideia matricial da desconexão, da separação, da clausura. Separam-se os conhecimentos, inventa-se o aluno para que pessoa se dissipe e melhor se afaste da família, separa-se o espaço, o tempo. As escolas são em larga medida aulários. Os espaços existem para separar (só o recreio permite a união!), os tempos também. As escolas são lugares de desencontros entre conhecimentos e pessoas.

E é porque esta gramática possui estas bases que é muito difícil a articulação do currículo, dos espaços, dos tempos, das pessoas.... A área escola (que era o dito pulmão da reforma curricular) morreu de inanição. A área de projecto tem dificuldade de afirmação. Isto não quer dizer que não se tenha de inverter a lógica de organização. Tem. Mas é necessário intervir a montante. Para que o esforço individual e colectivo tenha algum sentido e eficácia.

quarta-feira, abril 29

Articulação curricular.

1. Sou um adepto activo da articulação curricular porque o conceito está impregnado na minha concepção de escola e na minha percepção de profissionalidade docente.
2. À articulação curricular subjaz uma ideia de colaboração e de colegialidade. Não me refiro a uma colaboração qualquer, a uma colaboração que divide, a uma colaboração artificial típica da balcanização do ensino.
3. A articulação curricular não emerge por decreto ou por determinação superior. A articulação curricular resulta de uma cultura de escola assente na confiança nos processos e nas pessoas.

Pergunto se é possível uma articulação curricular genuína nesta escola fabril idealizada pela equipa governativa que prefere adoptar formas paternalistas de confiança?

sexta-feira, abril 17

Já pensaste que...

Já pensaste que...

Já alguma vez pensaste
que é bom ter olhos
para ver o mundo

e ouvidos
para ouvir os outros




e boca
para dizer tudo aquilo
que dizemos






e pernas
para nos levar
onde somos precisos







e mãos
para ajudar
os que delas precisam






e braços
para estreitar os outros
num abraço


e ombros
para que alguém neles
recline a cabeça fatigada





e cérebro
para pensar em ajudar os outros

e coração
para sentir as coisas
que nem sempre compreendemos
imediatamente.







Já alguma vez pensaste
como tudo isto é maravilhoso?
___________
Leif Kristianson
Via Clube dos contadores de histórias

sexta-feira, abril 10

Aprender e Ensinar

« 150 treinos mais 20 a 25 jogos por ano, de novo dispondo de total autonomia na direcção e condução da actividade, a significar terreno profícuo ao desenvolvimento, é no nosso olhar sobre o jogo que começa por ocorrer a mudança.
E o que começa a ocorrer, é que, progressivamente, o olhar na busca dos caminhos para ensinar, vai-se libertando da exclusiva conformidade com os conteúdos, para deslizar na identificação dos problemas que a situação de jogo colocava aos aprendizes.
Aprendemos a olhar não para o jogo, mas sim para o jogo que eles conseguiam jogar, focalizando o olhar nos expedientes de que se socorriam para resolver os problemas, para daí avaliarmos o nível de competência necessária para poderem ter êxito.
E fomos aprendendo que tínhamos de ser capazes de ver o jogo simultaneamente em duas dimensões. A dimensão real, que se traduzia naquilo que estava a acontecer, e a dimensão antecipativa, que se traduzia naquilo que deveria acontecer.
Situando-nos sempre entre o jovem e o jogo, fomos naturalmente percebendo que cabe a quem ensina adequar as condições de prática, quer às particularidades dos praticantes (competências que possuem), quer aos propósitos da aprendizagem (conseguir que joguem).
A experiência de Moçambique ensinou-nos a compreender que se aprende enquanto se ensina, e ensinou-nos a saber procurar mais com a aprendizagem do que com o ensinar.”

Hermínio Barreto (2004) Prontidão desportiva. Equilíbrio entre as capacidades de hoje e exigências de amanhã. In: Gostar de Basquetebol. Ensinar a jogar e aprender jogando (pp 19-20). Lisboa: Edições FMH.

Feliz Páscoa! ;)

quarta-feira, abril 1

... nunca precisámos de outra coisa!

Estive (sexta-feira passada) num jantar da minha antiga escola...
O António Pinto Basto (amigo de uma colega) foi o "animador"... cantando...
No final, alguém lhe pediu para recitar um "certo poema"...

Ele não se fez rogado... e é indizível a extraordinária forma como declamou esta peça de rústica e fedorenta poesia (atenção: fê-lo de cor, como intigamente!)... explicando-nos que o poema havia sido escrito pelo seu avô para um certo jantar onde iria estar presente o ministro da Agricultura de então (1934). Confesso que não acreditei... mas depois descobri o que vão escutar e acho que deve ser verdade...

Sim, eu sei, sou garota delicada e tal, dada a poesia refinada, muita cultura e borboletas, flores de jardins e coisas afins, mas... tenho o meu lado rabino, acreditem, embora o mantenha sob controlo. A verdade verdadinha é que chorei a rir (tenho de vos confessar esse pecado, meus caros confrades, não obstante toda esta minha refinada delicadeza que perdeu ali momentaneamente toda a sua compostura).
Devem ser os nervos, o stress e a falta de sorrisos pela escola... Uma certa urgência de rir... A culpa não pode ser minha. Estou certa. :)
Aliás... bem vistas as coisas não confesso nada e como hoje é dia 1 o blogger vai mentir colocando o meu nome na assinatura.

Acabei de encontrar na 'net o tal poema (está em imensos locais... não revelo as palavras que usei para o encontrar... e até descobri alguém a declamá-lo! ;). O confrade-mor atestou da qualidade poética para integração nesta Aragem, hoje fortemente adubada com o meu singelo e estranho contributo...

Sei que logo logo alguém vai conseguir elevar acima do solo a escatologia das palavras aqui partilhadas neste momento. Mas embora a agricultura seja uma coisa que começa rente ao chão... sem estrume não pode dignar-se a olhar o céu.
Uma boa Páscoa para todos!

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O Texto é dedicado a Leovigildo Queimado Franco de Sousa, na época, Ministro da Agricultura, e antepassado da actriz portuguesa Barbara Norton de Matos. O Texto é fundado nas queixas dos agricultores.
http://osveencidosdavida.blogspot.com/2008/01/salazar-o-outro-retrato.html



Porque julgamos digna de registo
a nossa exposição, senhor Ministro,
erguemos até vós, humildemente,
uma toada uníssona e plangente
em que evitámos o menor deslize
e em que damos razão da nossa crise.
Senhor: Em vão, esta província inteira,
desmoita, lavra, atalha a sementeira,
suando até à fralda da camisa.
Falta a matéria orgânica precisa
na terra, que é delgada e sempre fraca!
- A matéria, em questão, chama-se caca.


Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.


Se os membros desse ilustre ministério
querem tomar o nosso caso a sério,
se é nobre o sentimento que os anima,
mandem cagar-nos toda a gente em cima
dos maninhos torrões de cada herdade.
E mijem-nos, também, por caridade!


O senhor Oliveira Salazar
quando tiver vontade de cagar
venha até nós solícito, calado,
busque um terreno que estiver lavrado,
deite as calças abaixo com sossego,
ajeite o cú bem apontado ao rego,
e… como Presidente do Conselho,
queira espremer-se até ficar vermelho!


A Nação confiou-lhe os seus destinos?…
Então, comprima, aperte os intestinos;
se lhe escapar um traque, não se importe,
… quem sabe se o cheirá-lo nos dá sorte?
Quantos porão as suas esperanças
n’um traque do Ministro das Finanças?…
E quem vier aflito, sem recursos,
Já não distingue os traques dos discursos.
Não precisa falar! Tenha a certeza
que a nossa maior fonte de riqueza,
desde as grandes herdades às courelas,
provém da merda que juntarmos n’elas.


Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.


Adubos de potassa?… Cal?… Azote?…
Tragam-nos merda pura, do bispote!
E todos os penicos portugueses
durante, pelo menos uns seis meses,
sobre o montado, sobre a terra campa,
continuamente nos despejem trampa!
Terras alentejanas, terras nuas;
desespero de arados e charruas,
quem as compra ou arrenda ou quem as herda
sente a paixão nostálgica da merda…


Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.


Ah!… Merda grossa e fina! Merda boa
das inúteis retretes de Lisboa!…
Como é triste saber que todos vós
Andais cagando sem pensar em nós!
Se querem fomentar a agricultura
mandem vir muita gente com soltura.
Nós daremos o trigo em larga escala,
pois até nos faz conta a merda rala.


Venham todas as merdas à vontade,
não faremos questão da qualidade.
Formas normais ou formas esquisitas!
E, desde o cagalhão às caganitas,
desde a pequena poia à grande bosta,
de tudo o que vier, a gente gosta.
Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.

João Vasconcelos e Sá (será?)

1934



http://cgmkt.wordpress.com/2008/11/23/poema-a-ministro-de-salazar/
http://senderosdereflexao.blogspot.com/2008/10/poema-dirigido-um-ministro-de-salazar.html
http://ferrao.org/2008/09/dom-tranquedo-pedido-de-adubos.html
http://opafuncio.blogspot.com/2008/09/exposio-sindical-em-tempos-de-salazar.html
http://hortademilfontes.blogspot.com/2008/02/h-falta-de-adubo.html
http://www.misturagrossa.net/index.php?s=reina%C3%A7%C3%A3o
http://seralentejano.wordpress.com/2008/02/20/no-tempo-do-salazar/

etc. ...

Difícil e fácil...

É mais difícil ser livre do que puxar uma carroça.

Vergílio Ferreira

(Roubado AQUI)

sábado, março 28

O poder do exemplo

“No printed word, nor spoken plea
can teach young minds what they should be.
Not all the books on all the shelves –
but what the teachers are themselves.”

Rudyard Kipling

Ouvido em:

domingo, março 1

O Céu.

Não devemos dar ouvidos

Aquele casal de 85 anos estava casado já há sessenta e dois.
Apesar de não serem ricos viviam bastante bem porque eram muito poupados.

Apesar da idade estavam ambos em muito boas condições físicas principalmente pela insistência dela na alimentação saudável e na manutenção em ginásio, em especial, durante a última década.
Mesmo com tão boa forma, um dia, numa das raras saídas para férias, o avião onde seguiam despenhou-se e mandou-os para o Céu.

Chegaram às portas rebrilhantes do Céu e São Pedro veio recebê-los à porta.
Levou-os até uma fantástica mansão, com móveis dourados e cortinas de finas sedas, com uma cozinha completamente fornecida e uma cascata na sala de banho. Ao fundo podia ver-se uma criada a arrumar as roupas favoritas de ambos nos imensos roupeiros. Eles olhavam para tudo
atónitos quando São Pedro disse:

- Bem vindos ao Céu. A partir de agora esta será a vossa nova casa.

O idoso senhor perguntou a São Pedro quanto é que aquilo iria custar.

- Claro que vai custar NADA. Isto é a tua recompensa no Céu.
O homem então olhou pela janela e viu um campo de golf que não tinha comparação com nada, do melhor, feito na Terra...
- Qual é o preço da utilização? - gemeu o idoso homem.
- Isto é o Céu - replicou São Pedro. - Tu podes jogar de graça, sempre que quiseres.

No dia seguinte foram almoçar ao salão e depararam-se com um almoço estonteante, com todas as inimagináveis especialidades gastronómicas, desde mariscos até às melhores carnes e sobremesas, tudo acompanhado dos melhores vinhos e bebidas.
- Nem me perguntes nada - disse o São Pedro ao homem. - Isto é o Céu. É tudo de graça.
O idoso senhor olhou em volta nevosamente e fixou o olhar na esposa.
- Bem, onde é que estão as comidas de baixo teor de gordura e colesterol e o chá descafeínado? - perguntou ele.
- É a melhor parte - atalhou São Pedro. - Vocês podem comer e beber o que quer que seja que gostem sem se preocuparem em ficarem gordos ou doentes. Eu já disse: isto é o Céu!

O idoso ainda perguntou:
- Nem é preciso ginásio?
- A menos que vocês queiram - foi a resposta de São Pedro.

- Nem testes de açúcar, nem medições de tensão, nem...

- Nunca mais. Vocês estão aqui para se divertirem e gozarem.

O idoso olhou bem de frente para a sua esposa e disse:

- Tu e a merda dos Corn Flakes... Já podíamos estar aqui há dez anos!

segunda-feira, fevereiro 23

A luta, as consequências e as leituras. Ou "O velho, o rapaz e o burro", parte 2

Recebi por email. A partilha não obriga ninguém a nada... pode provocar discussão. E isso não será tão negativo que a impeça, digo eu...
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A LUTA DE BRAÇOS CRUZADOS
Muitos professores decidiram não entregar os objectivos individuais, alegando nunca é mencionada essa entrega como um dever dos professores. Permitam-me discordar: tal não é um dever, é um direito. Os professores têm o direito de definir os seus objectivos, e preferiram declinar esse direito. Os resultados a curto prazo não se farão sentir: o director da escola definirá os objectivos para esses docentes e a avaliação continuará. A longo prazo poderemos perder esse direito, e porque nos foi atribuído e não quisemos usufruir dele, no futuro esses objectivos passarão a ser definidos pelos órgãos de gestão… Se o vosso director não for uma pessoa razoável, terão de acatar os seus objectivos com os quais poderão eventualmente não se identificar e sem possibilidade de reclamação!
Os professores decidiram não pedir aulas assistidas. Como resultado a curto prazo não se pode esperar nada: tudo vai decorrer tudo na maior normalidade, não haverá ainda mais excesso de trabalho, excesso de burocracia, excesso de papelada e, ironicamente, a avaliação até parecerá que é exequível. Como resultado a longo prazo espera-se que a senhora ministra no final do ano proclame "apenas 10% dos professores requereram aulas assistidas" e o impacto na opinião pública será: "continuam uma cambada de preguiçosos privilegiados, que não querem fazer nada, nem têm brio profissional - desde que não tenham trabalho, contentam-se pelo bom".
No final do ano lectivo todos os docentes serão avaliados e terão uma nota, pois apesar de não terem entregue os objectivos individuais terão de preencher a ficha de auto-avaliação, uma vez que essa, sim, é um dever dos professores.Tendo em conta o reduzido número de professores que pediu aulas assistidas as quotas, obviamente, não serão preenchidas. A conclusão será: os professores fartaram-se de reclamar por causa das quotas e afinal nem as preencheram! A maioria dos docentes optou por esta luta de braços cruzados, a luta do "não concordo e então não faço nada".A decisão mais inteligente seria a luta do "vou fazer tudo e mostrar que, apesar de todo o esforço e empenho, este sistema não é exequível". Não será difícil de imaginar que, se todos pedissem aulas assistidas, o que só por si iria causar inúmeros transtornos a nível de organização das escolas, se todos reclamassem da classificação atribuída - em primeira instância na própria escola e para a CCAD, cem ou duzentas reclamações para serem decididas em 15 dias, podendo ainda reclamar-se para o Director Regional, milhares de reclamações para serem decididas em 10 dias - instalar-se-ia o caos e assim se mostraria que este sistema é impossível. Nada fazendo, que provaremos? Então, porquê esta opção pela luta de braços cruzados? Na maioria das escolas, quem a liderou foram os avaliadores, pois sentiam-se muito angustiados com o facto de ter de avaliar colegas, mas quando concorreram para professores titulares (ninguém os obrigou) sabiam que teriam de avaliar, quando aceitaram as comissões de serviço (ninguém os obrigou…) sabiam que teriam de avaliar; arranjaram, assim, uma maneira de, não só evitarem avaliar como de parecerem heróis na liderança da "luta contra o sistema". Para conseguirem tal, muitos deles coagiram directa (dizendo alto e bom som na sala dos professores que quem pedisse aulas assistidas iria ser lixado) ou indirectamente (há maneiras muito subtis de coagir) os avaliados a não pedirem aulas assistidas.
Os docentes que pediram aulas assistidas estão agora a ser apelidados de oportunistas: oportunista é uma pessoa que se aproveita da desgraça dos outros em proveito próprio. Que desgraça? O não terem pedido aulas assistidas não podendo por isso ter muito bom ou excelente? Mas não o fizeram de livre e espontânea vontade? Nas sociedades democráticas, as pessoas são livres de tomar decisões e, mais importante ainda, têm o direito de ser respeitadas pelas mesmas. Coacção é o método preferencial utilizado nas ditaduras…
Falando em oportunismo, não foram os avaliadores oportunistas quando aceitaram os cargos e as regalias, nomeadamente as monetárias? Se desde sempre tencionavam não cumprir parte dos deveres inerentes ao cargo… Claro que os avaliadores não optaram pela luta do tudo fazer e depois reclamar, pois seriam eles na berlinda ao ter de deliberar em primeira instância sobre essas reclamações. Decidiram o que mais lhes interessava e os avaliados foram na onda.
Tudo isto tem servido para demonstrar o pior das pessoas: as qualidades primordiais de um professor deveriam ser a tolerância e o respeito pelos outros e não é isso que se verifica.
De momento, não sei se me orgulho de ser professor!
Um Professor que não cruzou os braços.- José Viriato

quarta-feira, fevereiro 18

Se cada um fizesse a sua parte...

Ao ler este post do Miguel, lembrei-me da história que se segue. Se cada um tivesse feito a sua pequena parte, não se sentiriam agora nas escolas sintomas de depressões. Entretanto, a história é oportuna para diversas situações no seio da Educação.
Em um certo lugar do Oriente, um Rei resolveu criar um lago diferente para as pessoas do seu povoado. Ele quis criar um lago de leite! Então pediu para que cada um de seus súbditos levasse apenas um copo de leite; com a cooperação de todos, o lago seria preenchido.
O Rei muito entusiasmado esperou até à manhã seguinte para ver o seu lago de leite. Mas, qual não foi a sua surpresa, no outro dia pela manhã, quando viu o lago cheio de água e não de leite!
Consultou o seu conselheiro, que o informou que as pessoas do povoado tiveram todas o mesmo pensamento: No meio de tantos copos de leite, se só o meu for de água, ninguém vai notar...
Fonte. Autor desconhecido.

terça-feira, fevereiro 17

:o)



Parabéns, Miguel :)

quinta-feira, fevereiro 12

Voltou o sol. Mas...

Van Gogh (1889)

Depois de muitos dias de frio e chuva, voltou o sol. Mas... o Aragem continua qual espaço abandonado onde raramente se combinam encontros de confrades. Talvez porque não se alterou o mau tempo na política educativa, nem melhorou o clima na Escola.

Deixo aqui o que acabo de escrever no meu cantinho.

Pela blogosfera docente, há espaços tão repletos de ADD e ECD que não sobra espacinho algum para debater as coisas simples mas grandes que respeitam verdadeiramente àqueles para quem a Escola existe: os alunos - coisas que estão nas mãos e quase só nas mãos dos professores. Coisas simples mas grandes que gostaria de ver ao menos colocadas à reflexão nas escolas e também neste espaço de tão ampla participação que é a blogosfera. Neste dia de sol, apetecia-me encontrar posts que interrogassem e suscitassem debate sobre questões que a ADD e o ECD parecem ter esfumado, questões tais como:
- como recuperar a formação para os valores, nomeadamente o do trabalho?
- que inovações se impõem nos métodos de ensino?
- quais as estratégias criativas que transformem os conteúdos dos programas em meios que estimulem o gosto pelo acto intelectual de pensar, conhecer e aprender?
- onde impor o tempo para o trabalho colaborativo que defina estratégias colectivas de acção?
Mas... neste dia de sol raros são os espaços onde transparecem essas coisas simples mas grandes. É um sol que não me aquece.

sexta-feira, janeiro 30

Como construir o futuro da escola

A pedido da Isabel e como presente (atrasado) de aniversário:

(...) Os professores e os alunos são, em conjunto, prisioneiros dos problemas e constrangimentos que decorrem do défice de sentido das situações escolares. A construção de uma outra relação com o saber, por parte dos alunos, e de uma outra forma de viver a profissão, por parte dos professores, têm de ser feitas a par.

A escola erigiu historicamente, como requisito prévio da aprendizagem, a transformação das crianças e dos jovens em alunos. Construir a escola do futuro supõe, pois, a adopção do procedimento inverso: transformar os alunos em pessoas. Só nestas condiçõesa escola poderá assumir-se, para todos, como um lugar de hospitalidade.

Rui Canário
(Fonte)

domingo, janeiro 18

Vai aonde te leva o Coração

Por um mero acaso nunca li este livro da Susanna Tamaro. Mas o título é sonante e presta-se a mil e uma aplicações.
Nasci durante a última hora de signo Leão, já em transição para Virgem. Isto é muito importante para nós, humanos, da era do tempo contado e medido à milésima de segundo. Posso assim determinar com exactidão as minhas características de personalidade sem sombra de erro, características essas que me colocam muitas vezes em conflito: a impetuosidade do Leão e a ponderação da Virgem.
Já me imaginaram num dia destes? Não queiram!
Há decisões que podem levar, dias, meses e até anos a tomar (este é o lado da Virgem), mas, depois de tomadas tornam-se irrevogáveis (este é o lado do Leão)!

Não, não estou a brincar, porque este é um assunto sério: a partir do momento em que decidi não entregar os objectivos individuais (que foram elaborados em devido tempo) não mais voltaria com a decisão atrás. Apesar de tudo o que se escreve, apesar de todas as instruções fornecidas pela minha escola. Apesar dos conselhos do meu sindicato.
Fui, vou, assim, onde me leva o coração.
Pena que seja com alguma dor.

terça-feira, janeiro 13

Enquanto o Aragem parece em tempo de silêncio... imaginemos

(Canção velha, estafada de ser ouvida, mas precisamos de não desistir de imaginar, pois sem imaginar não há sonhos, e é preciso que o homem sonhe...)


You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one