sábado, julho 24

Uma aragem de Verão.

Deixo a escola, a rotina e este espaço para partir, à procura de uma nova aragem. Lá para o meio de Agosto voltarei com outro olhar... menos sombrio, mais desprendido e leve.
Um bom descanso para todos.



quarta-feira, julho 21

Abnóxio.

Será um sofisma este abnóxio? Passe por lá.

terça-feira, julho 20

Ruminações digitais

"Não se pode provar uma negativa universal" é a resposta típica para afirmar que a Ciência não pode provar que Deus não existe.
Bem interessante esta discussão sobre lógica e epistemologia.



Conversas que ficam.

Um país como o nosso abarca a pluralidade da espécie humana. A conversa entre os cientistas (antropólogo, geneticista, e sociólogo) desmistificava a ideia da diferença.
Foi num canal televisivo com pouca audiência que estes interlocutores lançaram os seus olhares para o Homem.
Já passaram alguns meses...

sábado, julho 17

Amazónia.

Por uma boa causa. Assine aqui.


Quero estar onde estou.

Na verdade sinto que preciso de uma nova aragem. Pela primeira vez desde que iniciei a minha actividade profissional sinto uma perfeita sintonia entre o entre o tempo desejado e o tempo vivido. Dito de outra forma, é a primeira vez que as férias tempo coincidem com as férias espaço. A dissonância entre o tempo e o espaço não é assim tão invulgar e a expressão "quero estar, onde eu não estou" é reveladora de uma determinado sentido do tempo...
Valeu a pena recordar o António Variações.

quinta-feira, julho 15

Uma aragem

Hoje reservo o meu tempo para as pequenas coisas importantes.
Sentada ao meu lado, a Ana rejubilará.

Errei...

... está confirmado que o Dr. Bagão não vai para a Educação. O hino nacional será cantado nas finanças.

terça-feira, julho 13

Bagão na Educação?

Já não sei quem é que me sussurrou a notícia de que o novo ministro da educação seria o Dr. Bagão. Quanto ao Hino Nacional antes das actividades matinais, até aqui tudo bem... já foi suficientemente treinado durante o Euro 2004. O maior problema é o Padre-Nosso...

Humor negro...

O que faria o Dr. Barroso se se verificasse um revés na sua incursão pelo parlamento europeu?

segunda-feira, julho 12

Náusea…

...pela actualidade política. Ainda não consegui escrever nada desde que o Dr. Barroso fugiu.

domingo, julho 11

Anafados.

A cidade está em festa. Enquanto esperava pela campainha do carrossel apreciava os miúdos e os graúdos que os acompanhavam. Não tarda nada, os carrinhos de choque e os aviões terão de ser substituídos para receberem clientes cada vez mais pançudos.

sábado, julho 10

Mais do mesmo.

Li na Página de Julho que o próximo governo socialista já se encontrava a preparar a futura Lei de Bases da Educação.
A ser verdade, onde é que está o envolvimento, a participação generalizada e a necessidade de um consenso alargado que tanto reclamaram e que serviu de argumento para contestar a débil acção do governo liderado pelo Dr. Barroso?
Mais do mesmo!

sexta-feira, julho 9

Coisas simples

Presumo que a extensão dos textos anteriores e o grau de especificidade que eles encerram desmobilizou potenciais visitantes. Quem buscava uma brisa suave, uma aragem fresca, pode ter recebido rajadas de vento gélido. Pois é, todos sabemos que as aparências nem sempre encontram correspondência na substância. Na verdade, uma ideia simples pode configurar um enredo de difícil resolução.
A ideia simples é que o desporto é plural de motivos, intenções, finalidades, condições e modelos. A tarefa titânica é a operacionalização desta ideia.

quarta-feira, julho 7

Um desporto escolar plural (II).

O desporto escolar evoluiu com os estilos de ocupação dos tempos livres dos jovens que estão sistematicamente em mudança. Mas esta evolução do desporto escolar não deverá ser, na nossa perspectiva, orientada apenas para a promoção do aumento do número de praticantes. Terá de ser encarada numa óptica de equidade: “temas como co-educação, maiores oportunidades, incentivos e recursos financeiros para as práticas de actividades físicas de raparigas, norteiam as tomadas de posição e as acções que visam alterações na estrutura e organização da Educação Física e do desporto na escola, a fim de tornar aquelas práticas mais solidárias, inclusivas e equitativas” (Botelho-Gomes et al., 2000: 31).
“Tentar estabelecer a paridade num mundo social caracterizado pela desigualdade não é uma tarefa simples. Temos que reconhecer que no processo de «igualar», haverá pessoas que percebem as mudanças como perdas inevitáveis, se mais nenhuma outra razão houvesse, temeriam a mudança, porque temem a perda do status ou do poder que associam aos movimentos que conduzem à paridade” (Talbot, 1990: 101).
Roberts (1996) considera que o curriculum do seu país se adaptou às novas tendências, complementando os “velhos” jogos de equipa e promovendo facilidades para uma variedade de desportos adicionais tais como o badminton, o squash, a natação, e mesmo o golfe, de modo a que "seja praticado individualmente e jogado por grupos pequenos de gente nova (e de adultos) às vezes e por lugares da sua escolha sem nenhum compromisso com os clubes.
Nos últimos 20 anos, nas escolas da Grã-Bretanha, os professores têm usado cada vez mais tempo da aula de Educação Física para introduzir as alunas de idades baixas numa variedade larga de desportos e fizeram os possíveis para que elas prolongassem os seus jogos favoritos fora das aulas também. Simultaneamente, as autoridades locais abriram os centros “indoor” do multi-desporto que podiam ser usados durante todo o ano, para que os indivíduos pudessem realizar os seus jogos preferidos com os seus próprios amigos, de acordo com as suas preferências. As crianças e os jovens, dentro e fora da escola, poderão aderir aos desportos eleitos, nos lugares e nos grupos que expressam a sua individualidade. O desporto adaptou-se ao gosto dos mais novos. Os novos menus do desporto escolar contêm artigos que apelam aos rapazes e às raparigas em todas as faixas de idade. Ambos os sexos podem praticar os desportos que afirmam a sua independência (jogar o que se quer, quando se quer, com quem se quer).
Quem defende, inequivocamente, a presença do DE na escola (ou o desporto na escola), considera que ainda há muito por fazer e que os constrangimentos que têm afectado o desenvolvimento do programa do DE exigem um esforço acrescido. O programa do DE inserido no âmbito estrito das estruturas do Ministério da Educação, desenvolve-se num contexto carregado de limitações (Pina, 2002) e no interior da própria escola existem factores inibidores do desenvolvimento das actividades do DE (Menezes, 1999). Mas como diz Pina (2002: 27) “o que está em causa é a concepção de um quadro teórico de referência que possibilite a construção de um modelo organizacional, ajustado à realidade portuguesa, de forma a responder cabalmente às necessidades e expectativas das crianças e jovens em idade escolar”.
Ultrapassada a fase de indefinição de responsabilidade de enquadramento da prática desportiva na Escola que passou da DGD (hoje o IND) para as Direcções Gerais Pedagógicas, urge definir os contornos das parcerias e formas de cooperação com o movimento associativo, permitindo o alargamento da prática desportiva e garantindo as condições essenciais de realização do percurso de formação desportiva. “É tempo de assumir responsabilidades e de clarificar competências no respeito pelos objectivos e vocações específicas de cada um dos sub-sistemas directamente interessados no desenvolvimento deste processo” (ibid: 30). Há que estabelecer relações de confiança e de promover iniciativas conjuntas. Os dados fornecidos pelo próprio director do GCDE confirmam esse interesse recíproco: em 2002 “firmaram-se 31 protocolos de cooperação com Federações Desportivas, desenvolvendo-se parcerias em áreas como a formação de professores, organização de quadros competitivos conjuntos, produção de documentação de apoio a professores e alunos, bem como no apoio a organizações desportivas do Desporto Escolar (nacionais e internacionais) ” (Freitas, 2002).
Um aspecto central para a definição do tal “modelo de DE mais satisfatório” é a promoção da Actividade Interna como a grande bandeira de uma Escola Inclusiva, em oposição à Escola Exclusiva do passado. É o próprio director do GCDE que esclarece: pelo facto da opinião pública ter do DE um entendimento construído na lógica do desporto de competição, a primeira prioridade do DE é a Actividade Interna, apresentando-a como sendo uma resposta aos problemas da multiculturalidade, minorias étnicas, integração social, para além dos comportamentos desviantes provocados pela droga (Freitas, 2002).
Se no passado importava reafirmar que a questão central do desporto escolar não era desportiva, mas sim educativa (Carvalho, 1987), devido à controvérsia existente acerca do lugar que o desporto escolar devia ocupar nos dois sistemas (educativo e desportivo), agora urge, na nossa perspectiva, encontrar um modelo de prática que sirva as necessidades dos nossos alunos. “O Desporto na Escola ao ser consignado como um direito tem de ser acessível a todos os que o querem praticar. A todos e não apenas àqueles que em determinado momento têm um melhor rendimento desportivo, quase sempre os mesmos que, fora da escola, já têm possibilidades de prática desportiva” (Constantino, 1992: 74).
Concordamos com Constantino (1992) quando procurava esclarecer o equívoco de que a Escola, por si só, pode ser a base do Desporto Nacional e por ele ser comandado. Não podemos ter dúvidas de que o desporto deve ser um meio ao serviço do desenvolvimento dos jovens e não um meio ao serviço de certos desenvolvimentos desportivos. “Eis o que separa uma prática cuja razão de ser se encontra na própria criança ou jovem de uma outra em que a criança e o jovem são instrumentalizados” (Constantino, 1992: 76).
É à luz deste quadro de referências que recebemos com agrado todas as iniciativas que visam a promoção do desporto escolar. O Documento Orientador do Desenvolvimento do Desporto Escolar (Ministério da Educação, 2003) é uma delas. Enunciando um conjunto de medidas e metas com o alcance de uma década, este texto apresenta uma estratégia global do Desporto Escolar que se desenvolve num triângulo de relacionamento com as Federações Desportivas, as Autarquias e a Comunidade.
A cumplicidade do poder central é determinante para a criação dos pressupostos necessários para o desenvolvimento do Desporto Escolar. Se a eliminação dos obstáculos de natureza administrativa e financeira forem amplamente aplaudidos por todos os agentes envolvidos no desporto das escolas, não deixaremos de tentar perceber se estamos ou não perante um plano cujas finalidades se afastam do que se espera de um desporto verdadeiramente plural.

terça-feira, julho 6

Um desporto escolar plural (I).

O colega Gustavo decidiu olhar para o desporto escolar. Embora tenha assumido, desde logo, um relativo afastamento do quadro em que se desenvolve o desporto escolar, os seus apontamentos revelam uma enorme acuidade e sensibilidade para as questões que marcam a agenda das actividades desportivas escolares.
Foi este o meu pretexto para olhar mais longe, para abrir uma porta que se encontrava entreaberta. Os dois textos foram retirados de um estudo académico e por esse facto decidi manter as referências bibliográficas tal e qual elas se encontram no documento original. Então aqui vai o primeiro texto.
O DE não tem sido capaz de chegar à maioria dos jovens que frequentam as nossas escolas. Um estudo de Marivoet (2001) sobre os hábitos desportivos dos portugueses apresenta-nos um conjunto de elementos que nos interessa sublinhar. Embora as actividades do DE sejam as mais procuradas pelas crianças e jovens, quando confrontadas com a oferta desportiva fora da escola, apenas 35% dos pais inquiridos (com filhos até aos 15 anos de idade) afirmavam que os seus filhos desenvolviam uma actividade desportiva na escola (neste estudo, a prática na disciplina de EF não foi considerada porque é obrigatória). É pouco? De uma forma simplista, todos concordamos que seria desejável aumentar essa participação. Mas os dados deste estudo dizem-nos mais: 18% dos pais afirmam que os seus filhos desenvolvem uma actividade desportiva de lazer, onde apenas 9% estão integrados na competição federada. Os números revelam que o desporto extra-escolar não constitui uma alternativa ao desporto escolar, porque não tem essa obrigação, porque não será a sua vontade, e porque não será esse o seu desafio. Olhando com mais profundidade para estes dados, somos assaltados por uma questão: As actividades desportivas do DE devem ou não, entrar numa lógica concorrencial com outras actividades educativas? Consideramos que é mais importante respeitar a liberdade de escolha do aluno, num quadro alargado de actividades culturais promovidas por diferentes clubes escolares (incluindo os clubes desportivos), do que restringir essa oferta a uma só actividade extracurricular na escola, transmitindo a ideia aparente que o nosso DE é “a actividade da escola”.
Não há efectivamente uma actividade que possa ser considerada como “a melhor”. Todas as actividades de complemento curricular que visam o enriquecimento cultural e cívico, a educação artística e a inserção dos educandos na comunidade estão legitimadas pela lei (LBSE) e pela relevância social dos seus objectivos.
Subscrevemos a posição do Confederação do Desporto no que diz respeito à necessidade da complementaridade entre o sistema desportivo e o sistema educativo no processo de preparação desportiva da criança e jovem. Seria uma afirmação leviana responsabilizar o DE na pretensa incapacidade de promoção de hábitos desportivos nas crianças e jovens. Se atendermos aos dados do estudo, “evidenciam a importância da transmissão de valores de cultura físico-desportiva na instituição familiar na aquisição de hábitos desportivos nas gerações mais novas” (Marivoet, 2001:89). No entanto, sendo a escola uma das mais importantes instituições socializadoras da cultura físico-desportiva não pode ficar isenta de responsabilidades nesta matéria.
A participação dos jovens em actividades físicas e desportivas regulares é um elemento fundamental para a promoção de estilos de vida saudáveis e recomenda-se uma intervenção junto dos jovens no sentido de alterar os seus hábitos de vida que apontam para o sedentarismo (Sallis e Patrick, 1994). Esta intervenção ganha maior pertinência quando confrontamos os resultados de estudos que indiciam um declínio da actividade física com o aumento da idade (Sallis e Owen, 1998). O prolongamento da prática desportiva dos jovens fora da escola será para a escola e para os seus profissionais um desafio que não deverão rejeitar. O desporto escolar poderá ser uma das soluções para inverter esta tendência.
Roberts (1996) dá-nos conta de um estudo realizado na Inglaterra e País de Gales que provou que o desporto escolar é uma história recente de sucesso, se o sucesso for medido em termos do número de alunos que continuam “a praticar” após a sua saída da escola. “É sempre difícil atribuir a causalidade, é impossível prová-lo, mas há evidências que sugerem que as características dos curricula dos desportos das escolas e a oferta do desporto na comunidade onde se inserem os jovens são, provavelmente, as causas responsáveis por este sucesso” (Roberts, 1996: 105).

segunda-feira, julho 5

Um desporto plural.

Na ressaca do Euro 2004 há que procurar determinar os efeitos da competição no desenvolvimento desportivo nacional. Há que enfatizar o conceito de desporto plural de motivos, intenções, finalidades, condições e modelos.

domingo, julho 4

A nossa selecção.

Alguém invocará a sua matriz inclusiva para depreciar uma elite, no desporto, na educação, na economia, ou outra manifestação cultural?
"Vamos lá cambada, força nas canetas".

sábado, julho 3

Complementaridade entre o sistema desportivo e o sistema educativo.

Se existe alguma convergência nos discursos que imanam da instituição escolar e dos clubes desportivos, ela baseia-se no princípio da complementaridade entre os dois subsistemas. A problemática, nesta relação, não está tanto na aceitação de um compromisso entre as duas instituições (já que ambos reconhecem essa inevitabilidade), mas está centrada nas funções que cada uma deve assumir no processo de preparação desportiva da criança e do jovem.
A Confederação do Desporto de Portugal publica em Junho de 2001 um documento que se ocupa desta matéria, retratando o estado de uma relação que foi sempre conflituosa:
1) O alto rendimento exige alterações na participação do sistema escolar na política desportiva. O discurso que prevalece na escola é que à escola compete a formação desportiva de base. No entanto, no desporto federado há uma reacção simétrica, onde a captação massiva é um bom exemplo;
2) A função do desporto escolar, como introdutória à preparação desportiva, conduz a um duplo problema: O desperdício dos talentos e o desperdício das oportunidades. Estes obstáculos que impedem a contribuição da escola, na elitização desportiva, advêm da filosofia de educação anti-elitista. Sendo este desporto por natureza elitista, percebe-se que as duas posições constituam a base do conflito entre os dois subsistemas.

Sophia

Este é o tempo.
É a negação do caos (o medo, a cobardia, o silêncio, a mordaça, coniventes sem cadastro...) que Sophia denuncia no seu poema.

O desporto escolar está de parabéns!

Quais os efeitos dos resultados obtidos pela selecção portuguesa no Euro 2004 para o desporto escolar?
Sempre que o país se faz representar numa competição desportiva internacional (Jogos Olímpicos, Campeonatos da Europa e do Mundo) e as classificações alcançadas não correspondem às expectativas dos órgãos de comunicação social, os peritos do espectáculo desportivo dirigem os seus olhares para a escola, procurando encontrar as causas mais profundas do pretenso insucesso desportivo. O passado tem sido fértil em debates televisivos com painéis de especialistas em adeptos (é assim que muitos deles se auto designam), com um estatuto de “residentes”, que se entretêm a dissecar(?) o fenómeno desportivo. A posição destes adeptos é extremamente cómoda. Afinal, o que é que se pode esperar de uma adepto? Aquilo que o próprio conceito encerra: que seja um admirador, um apaixonado, que simpatize com a coisa desportiva. A substância da sua opinião no quadro em que ela se desenvolve poderá conduzir, facilmente, à irracionalidade. Ora, sendo certo que o clima em que decorrem as conversas acerca do futebol garante a audiência, ele poderá não conduzir à sapiência. Como o critério formativo não tem sido adoptado pela comunicação social nas discussões sobre o desporto, o esclarecimento terá de ser procurado noutros locais.
Mas, voltando à questão inicial, será que após o Euro 2004 se falará do desporto escolar?
Sim, se se considerar o desporto escolar como um dos pilares do modelo de desenvolvimento desportivo nacional. Nesta perspectiva, seria legitimo que o desporto escolar agregasse créditos pelos sucessos e descrédito pelos insucessos do desporto nacional. No momento em que a selecção nacional de futebol está na elite do futebol mundial, será que não existem motivos para enaltecer o trabalho que se realiza nas escolas portuguesas?
Não, se se considerar que à escola não compete a formação desportiva de base ou concorrendo para essa formação desportiva não a realiza convenientemente e que por essa razão não tem qualquer responsabilidade nos resultados desportivos nacionais.
Este olhar espontâneo não representa a complexidade da relação entre os resultados desportivos e os modelos de prática que lhes subjazem. Esta questão requer uma análise mais profunda e alargada porque o nosso modelo de prática do desporto escolar encerra um conjunto de equívocos e paradoxos.
Mas é um olhar que serve para provocarmos os comentadores desportivos, exigindo que sejam congruentes nas análises.

sexta-feira, julho 2

O futebol entre o sagrado e o profano

Uma série de entrevistas de rua apresentadas por um canal televisivo privado dava conta de um conjunto de reacções à notícia da fuga do primeiro-ministro. Sem excepção, os entrevistados mostravam a sua indiferença pelo acontecimento, preferindo opinar sobre o Euro 2004. Nada de surpreendente. Não me proponho explicar as razões do divórcio entre eleitos e eleitores. Muito menos quero aclarar o fenómeno da sacralização do desporto de rendimento e, em particular, do futebol. O que me parece interessante destacar deste episódio é que ele configura uma face da relação promíscua futebol e política. Constatando o alheamento dos cidadãos à causa política, o futebol serve de interface subliminar das mensagens que se vão produzindo nos gabinetes do marketing político. Desde o Estado Novo que a instrumentalização do futebol tem ocupado as primeiras páginas da cartilha dos candidatos a cargos dirigentes.
O futuro primeiro-ministro(?) e ex-candidato a presidente da república sabe, como poucos, escorar-se no futebol.