terça-feira, agosto 31

No rescaldo da olimpíada

Ontem, num canal de televisão, assisti a um debate centrado na última olimpíada. Velhos problemas, as mesmas propostas de solução.
Se existe alguma convergência nos discursos que imanam da instituição escolar e dos clubes desportivos, ela baseia-se no princípio da complementaridade entre os dois subsistemas. A problemática nesta relação não está tanto na aceitação de um compromisso entre as duas instituições (já que ambos reconhecem essa inevitabilidade), mas está centrada nas funções que cada uma deve assumir no processo de preparação desportiva da criança e do jovem.

segunda-feira, agosto 30

Um modelo alternativo ao modelo piramidal.

O texto anterior sugere uma alternativa ao modelo piramidal de prática desportiva. É isso que irei fazer. De forma sucinta, sem grandes preocupações de detalhe, vou avançar com um modelo alternativo ao modelo piramidal que se designa de modelo inclusivo de prática desportiva.

(QJSC. 1995: 46 cit. Kirk e Gorely, 2000: 126)

É um modelo que visa a satisfação das necessidades de prática desportiva da população em geral, durante toda a vida, independentemente do nível de qualidade de que essa prática se reveste. É dada uma atenção particular ao uso de jogos modificados, ao trabalho iniciado no pré-escolar e à intervenção na formação de professores. A educação física é a porta de entrada para um estilo de vida activo, em vez de ser encarada como um dos pilares do desporto de elite.
Este modelo requer uma elevada coordenação, cooperação e comunicação entre todas as partes envolvidas no processo de desenvolvimento desportivo (nomeadamente, entre os vários departamentos governamentais, as entidades responsáveis pela formação de professores e treinadores, os grupos representativos de professores, etc.). É imperioso estabelecer uma forte ligação entre escolas activas e comunidades activas. É necessário alterar equipamentos e criar áreas adequadas para o desenvolvimento físico das crianças até aos 7 anos de idade.

O enquadramento do desporto na escola terá sempre de decompor o modelo piramidal como único organizador da prática desportiva. Um modelo alternativo à figura da pirâmide não cairá no logro de pretender banir o desporto de alto rendimento, porque este será sempre o referencial orientador de uma determinada prática. Um desporto que procura chegar a todos requer a coexistência de uma pluralidade de paradigmas que enquadrem e fomentem um desporto radicalmente plural.

domingo, agosto 29

Modelo piramidal

Solicitaram-me um esclarecimento sobre esta coisa do modelo piramidal. Sem cuidar dos detalhes vou referir as características fundamentais deste modelo de prática despotiva.

School Sport & Physical Education Hierarchy (Tinning et al., 1993:88 cit. Kirk e Gorely, 2000:122)

Em Portugal o modelo de prática desportiva é piramidal. Sabemos que existem várias versões do modelo piramidal, mas a ideologia é a mesma: Um grande alargamento da base para que exista uma melhoria na qualidade da prática no topo. É exclusivo e selectivo porque diminui o número de praticantes à medida que aumenta o nível de performance. A educação física é um pilar fundamental neste edifício (é a sua base) e o desporto de elite o ponto mais elevado do edifício. A maioria das crianças participa na educação física escolar, mas só algumas delas chegam ao topo. É privilegiado o jogo na sua versão formal, assim como os desportos mais tradicionais. Muitos professores de educação física são cúmplices nesta forma de pensar os modelos de prática. As verbas distribuídas concentram-se, preferencialmente, nos níveis mais elevados da pirâmide e os equipamentos são construídos tendo como referência as necessidades do desporto de elite. Os outros níveis de prática são subalternizados enquanto que os espaços e materiais são disponibilizados para a prática do jogo formal, sendo privilegiados os desportos tradicionais.

Este modelo de prática, a meu ver, faliu.

sábado, agosto 28

Como se esperava...

... no rescaldo dos jogos olímpicos chega a hora do desporto escolar .
Hoje na Inglaterra, amanhã a discussão chegará aí.

É mais do mesmo!

quarta-feira, agosto 25

Alto rendimento medicalizado.

Robert Fazekas deverá tornar-se no segundo campeão dos Jogos Olímpicos de Atenas a ser desclassificado por uma violação aos regulamentos "antidoping". Segundo o Comité Olímpico Internacional (COI), o lançador do disco húngaro tentou manipular um teste, usando urina de outra pessoa para entregar como amostras para posterior análise.
Continuar a ler aqui.

Recupero as palavras de José Manuel Constantino (artigo publicado na revista Horizonte - nº 94) referindo-se a um dos argumentos utilizados para justificar uma legislação proibicionista relativa à dopagem: “o princípio da igualdade dos competidores é um dos mitos fundadores da concepção moderna de desporto. Supostamente, o desporto seria um espaço de confronto e de avaliação de desempenhos corporais, onde a igualdade dos participantes permitiria que os melhores vencessem. E os melhores seriam os mais talentosos.
(...) O argumento de que a prática de métodos dopantes introduzia uma desigualdade entre competidores não colhe."


Para reflectir

Numa ronda pela blogosfera encontrei uma referência ao artigo de Luis Osório no jornal A Capital relativo ao desempenho de Francis Obikwelu. Luis Osório enaltece a prestação desportiva do atleta e considera que o dia da final dos 100 metros foi muito importante para o desporto português. Para ele, as opiniões discordantes “tentarão desvalorizar o feito” e parece não ter dúvidas acerca da “(...) contribuição deste notável atleta para que Portugal se possa tornar um país mais evoluído, solidário e multirracial.”

Só duas breves notas:
1. O desporto de rendimento nacional não tem servido os desígnios de uma ideologia desportiva neoliberal porque nos afastamos, cada vez mais, do poletão da frente (sendo de particular relevância a observação do quadro de atletas medalhados). O desporto assente em modelos de prática piramidal é exclusivo e a sua eficácia terá de ser questionada pelos níveis de prática que gera.
O nosso modelo de prática desportiva de tipo piramidal faliu.
2. Pela minha parte não divinizarei nenhum atleta, sobretudo aqueles atletas que conquistam as medalhas. O desporto de rendimento está doente.

E mais não digo.

segunda-feira, agosto 23

A República virou-nos o cu.

Como eu gostava de ter escrito este texto.
Convido-vos a ler este pequeno desabafo, francamente justificado, do colega João.

domingo, agosto 22

Nota zero!

Subscrevo o comentário do Nuno acerca dos jornalistas que "se propõe a «avaliar» quantitativamente o desempenho dos atletas lusos".
Para eles nota zero.

Olhares

Talvez não tenha passado despercebido ao treinador José Mourinho o facto de ter passado o encontro de futebol Chelsea-Manchester sem o mínimo incidente com os adeptos da equipa adversária que assistiam ao jogo através do banco de suplentes sem qualquer grade separadora.
Não pude confirmar se nas declarações do treinador aos jornalistas ingleses houve alguma referência ao facto. Se essa situação seria viável nos estádios portugueses não sei. O treinador é experiente e um profundo conhecedor do seu ofício. Eventualmente, Mourinho já estaria avisado.
Para mim, não deixa de ser paradoxal o fenómeno do hooliganismo ter adquirido a sua máxima expressão na pátria do fair-play moderno.

O que dizer....

... das lamentáveis cenas de violência que decoraram o espectáculo oferecido pelo Porto-Benfica?
Talvez ajude a desmistificar a tese de que os portugueses são um povo de brandos costumes.

sábado, agosto 21

Irrequietudes.

Instável esta aragem.
Espero que gostem tanto como eu.

sexta-feira, agosto 20

Argúcia argumentativa.

Este Manuel Fernandes é o verdadeiro cromo. Diz o homem: "(...) ao garantir o grau de licenciatura em apenas três anos, este sistema alimentaria o mercado de trabalho com profissionais que, sem terem uma grande especialização, têm mais possibilidades de se adaptar a diferentes soluções e, de imediato ou após uma primeira experiência profissional, tirar um mestrado numa área totalmente diferente daquela que respeita à sua formação de base."
E porque não reduzir o tempo da licenciatura a um ano lectivo?
A coisa ficaria mais plástica!

quinta-feira, agosto 19

Ilusões.

Notei, talvez tenha sido o único, expressões de cólera nos rostos dos jornalistas que acompanharam os nossos olímpicos e que saíam das competições sem glória mas com a sua honra intacta.
Só porque vivemos num país de grandes crenças é que não me dá vontade de censurar os jornalistas que exigem milagres.

(Des)ilusão olímpica.

O desporto é plural de motivos, interesses e formas. Perversamente, há quem o queira reduzir à sua dimensão comercial cada vez mais centrada no espectáculo desportivo.
A opinião do público reproduz a obscuridade.

quarta-feira, agosto 18

Banda larga.

Saltando de blog em blog fui-me apercebendo das reacções provocadas pelo artigo da Dra. Bonifácio.
Afinal, não faltam pretextos para comunicarmos.

segunda-feira, agosto 16

Educação em cadeia.

Este artigo de opinião desencadeou esta cadeia de reacções. No queuniversidade, forumcomunitário, barnabé e no meu olhar.

domingo, agosto 15

Ementa informativa.

Prato do dia:
Pessoas e instituições desacreditadas.

sábado, agosto 14

Regresso

Foi, literalmente, uma aragem tonificante.