imagem: Terravista
"(...) O que me inveja não são esses jovens, esses fintabolistas, todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas. A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras pára perante a dor falsa de um futebolista. As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me atender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros. Se a vida fosse um relvado, quantos penalties eu já tinha marcado contra o destino? (...)"
Mia Couto, in O fio das Missangas
7 comentários:
mia couto, aprendi a gostar! tenho para ler "o outro pé da sereia", depois conto!:)))
Fã absoluta do homem que inventa palavras... Tristereza encantou-me há muito tempo...
Belíssimo texto este.
Comovente...
Uma aragem de emoção.
Depois de folhear algumas páginas, dei por mim embalado na leitura… hummm… é bom sinal… Acontecera o mesmo com a Rosa Lobato de Faria e gostei da flor do sal… Uma boa leitura para as férias :)
Mia Couto é um contador de histórias de longa data que sabe falar das evidências estupidas do mundo. Faz-me lebrar um livro chamado PAPALAGUI que li na minha adolescencia e ainda este final de ano ofereci a uma aluna que teve tudo cinco....
Há uns anos tive a sorte de ensinar Mia Couto a alunos do 10º ano de um curso de Auxiliar de Acção Médica: adorei eu e adoraram eles.
Acho Mia Couto o mais criativo escritor da língua portuguesa!
Adoro a forma como ele sacode o pó às palavras e as obriga a dizerem aquilo que é preciso e não o que a gramática lhe/nos impõe.
Sou "fãzaça" do senhor.
As palavras voam e o tempo passa depressa...
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