domingo, novembro 11

Estatísticas

Por causa de processos de equivalência de alunos Erasmus solicitei aos serviços académicos informação sobre as classificações finais de todas as disciplinas de um dado curso nos últimos três anos. A distribuição de frequência das 5212 classificações é essa aí à esquerda.
Fiquei surpreendido. A minha estatística está um bocado enferrujada, mas tratando-se de tantos estudantes e de tantas disciplinas diferentes, estaria, pelo teorema do limite central, à espera de uma distribuição normal.
Depois olhei melhor e reparei que esta pode ser uma distribuição normal: se a média estiver no 10 ou para trás dele.
Fiquei a pensar nas causas desta distribuição. Se a média estivesse, por exemplo, no 13 ou no 14 e se estendesse para trás até ao 6 ou 7, e os alunos reprovados acabassem depois por passar com 10 ou 11, poderia resultar uma distribuição parecida, mas ainda se reconheceriam duas modas. A bimodalidade só desapareceria se a média original fosse próxima desses valores.
O que se passa num curso em que metade das classificações é de 12 ou inferior? De quem é a culpa de mais de 60% das classificações não chegarem sequer ao Bom (14)?

8 comentários:

Anónimo disse...

(Se me permitem que brinque com coisas sérias...)

Os professores desse curso diriam que a culpa é dos professores do nível anterior, estes diriam que é dos do nível abaixo... chegada a culpa aos professores do 1º Ciclo estes diriam que a culpa é dos pais, estes diriam que é do governo, este diria que é do governo anterior...
Ai... balha-me deus, nesta cadeia esqueci-me dos estudantes! Pronto, desisto de saber de quem é a culpa!
;)

Maria Lisboa disse...

Fazendo as contas a "olho" nessa tabela estarão mencionados para aí uns 5293 alunos. Supondo que se trataria de um curso de professores. Supondo que equivaleria às notas finais de curso, desses 5293, 3270 já estriam, à partida, condenados já que não seria provável que fossem ter 14 nas diversas provas que constituem a prova de ingresso. Restariam 2023. O que quer dizer que se teria "limpo" a concorrência de 3000 e tal candidatos a professores, o que diminuiria substancialmente as estaísticas do desemprego. Não podendo concorrer, não são futuros desempregados. São simplesmente mão de obra inactiva, sem qualificações para a profissão para que estudaram.

Claro que isto não passa de um "suponhamos" que nem sequer tem nada a ver com o que pretendia demostrar o autor do texto. Tratou-se, apenas, de uma divagação tendo por base este gráfico e uma ideia paralela em que me surgiu a prova de ingresso (em que quem tiver uma nota inferior a 14 numa das provas está automaticamente excluído do ensino), acabada de ser aprovada.

Maria Lisboa disse...

:( Peço desculpa por algumas gralhas e algumas ligações de frases "mal feitas"

tsiwari disse...

Bem... devo estar mesmo a leste do assunto.
Então se é um processo de equivalências...estas não sendo concedidas, não aparecem nas estatísticas do processo, não será assim?
Daí começar a nota mais baixa nos 10 valores...que será a primeira admissível, não?

AnaCristina disse...

Decididamente, o ensino superior está a passar um mau bocado... e a culpa é dos professores, de certeza.
Tal como disse a Isabel, a culpa é dos professores de todos os graus de ensino abaixo. Mas nunca dos pais ou da sociedade que tão pouco exige dos seus membros!

José Azevedo disse...

IC e anacristina:

Na minha cabeça estava de facto a culpar um bocado os professores. Estou a falar de professores do ensino superior, cuja generalizada indiferença pelos estudantes me choca cada vez mais. A anacristina disse que ensino era proximidade, e essa implica alguma preocupação com os resultados académicos dos estudantes.

José Azevedo disse...

maria lisboa e tsiwari,

São 5239 notas de disciplinas individuais: o número de alunos é muito menor, naturalmente. Cada disciplina individualmente apresenta uma curva normal, com médias que variam muito. No conjunto é que dá esta desgraça...
Claro, twsiwari, que só aparecem as notas positivas, mas o problema é a proporção tão elevada de notas baixas.

Anónimo disse...

A excelência é um recurso escasso.
Quando se quer abundante, não há excelência.
Nas classificações a sério no Ensino Superior excelente é raridade e distribuição normal é vigarice (quando será que, em Portugal, aprenderão a interpretar a lei Gaussiana?).