quinta-feira, dezembro 28

Ultra-liberal... já!!!

Senhor Ministro,

Vou alterar a minha condição de funcionário público, passando à qualidade de empresa em nome individual (como os taxistas) ou de uma firma do tipo "Jumentos & Consultores Associados Lda"; em vez de vencimento, passo a receber contra factura, emitida no fim do mês.
Ganha o ministro, ganho eu e o País... que se lixe!
Vejamos:
Ganha o Senhor Ministro das Finanças porque:
- Fica com um funcionário a menos e livra-se de um futuro pensionista.
- Poupa no que teria que pagar a uma empresa externa para avaliar o meu desempenho profissional.
- Ganha um trabalhador mais produtivo, porque a iniciativa privada é, por definição, mais produtiva do que o funcionalismo público.
- Fica com menos um trabalhador, potencial grevista e reivindicador.
E ganho eu porque:
- Deixo de pagar a totalidade dos impostos a que um funcionário público está obrigado (e bem, diga-se de passagem), pois passo a considerar o salário mínimo para efeitos fiscais e de segurança social.
- Vou comprar fraldas, champôs, papel higiénico, fairy, skip, e uma infinidade de outros produtos à Makro, que me emite uma factura com a designação genérica de "artigos de limpeza", pelo que contam como custos para a empresa.
- Deixo de ter subsídio de almoço, mas todas as refeições passam a ser consideradas despesa da firma.
- Compro um BMW em leasing em nome da firma e lanço as facturas do combustível e de manutenção na contabilidade da firma.
- Promovo a senhora da limpeza lá de casa, a auxiliar de limpeza da firma.
- E se no fim, ainda tiver que pagar impostos, não pago, porque três anos depois o Senhor Ministro opta por um perdão fiscal. Nessa altura, vou ao banco onde tinha depositada a quantia destinada a impostos, fico com os juros, e dou o resto à DGCI. Mas ainda ganho mais:
- Em vez de pagar contribuições para a CNP, faço aplicações financeiras e obtenho benefícios fiscais (se é que ainda tenho IRS para pagar!!!...)
- Se tiver filhos na universidade eles vão ter isenção de propinas e direito à bolsa máxima (equivalente ao salário mínimo); e se eu morar longe da universidade, ainda podem beneficiar de um subsídio adicional para alojamento. Com essas quantias compro-lhes um carro que, tal como o outro, será adquirido em nome da firma.
Como se pode ver, só teria a ganhar e, afinal, em Portugal ter prejuízo, é uma bênção de Deus! Está visto que ser ultra-liberal é que realmente vale a pena, e também porque é que os partidos que alternam no poder têm tantos votos ...

[Um agradecimento especial ao António Carvalhal por me ter enviado esta pérola.]

1 comentário:

Anónimo disse...

isso e o ECD, que conjugações?

Oooooppppsssss...disse conjugações. Será assim na TLEBS? Ou será um epiceno?