Não se trata propriamente de uma nova descoberta, de uma alteração de rota quando me encontro em trânsito pela blogosfera. É apenas a confirmação de que ao fim-de-semana a escrita e a leitura devem ser superficiais. Eu preciso que sejam superficiais. Nem sempre é possível aligeirar o ritmo, manter as preocupações encerradas no local de trabalho. Nem sempre é possível abordar o fim-de-semana como uma ponte, uma passagem para a outra margem [como canta o Rui Veloso]. Mas há que alargar as margens, alongar a ponte, retardar a chegada à outra margem infestada de rotinas que nos consomem uma parte da vida. É neste conflito que vive o professor. E é este dilema que angustia muitos professores. As margens estão tão próximas que tornam o rio demasiado agitado.
Estas margens violentas revelam uma outra face da blogosfera. Tal como esse rio, o olhar fica grave e intenso, demasiado rebuscado e por vezes confuso. É o reflexo de um estado de espírito sério, mas não necessariamente seguro.
Há que alargar as margens!
Há que deixar correr esse rio!
3 comentários:
Miguel, é uma "adenda", não é?
Já tinha lido, hoje comento. Eu ando com vontade de postar não "é tempo de escutar", mas "preciso de respirar". Só que há as questões sérias, que têm a ver com o estado de espírito sério mas necessariamente não seguro, porque são complexas e as soluções nos transcendem. Mas para mim está tb a haver a vontade de postar outra coisa (teria é que ser metaforicamente ;) ): "Que vontade de voltar costas à escola!" Conto aqui neste cantinho mais reservado que na semana passada saí de uma reunião - disse que ia embora e fui, não tinha assinado a acta, mas tb não fui entregar justificação; passei o resto do tempo da reunião a falar com o meu presidente. Era mais uma reunião para mais papeis (mais, mas não novos, da minha parte estão feitos e no dossier os necessários e suficientes). E o meu presidente está bem consciente de há quanto tempo nada se discute de verdadeiramente importante nos vários tipos de conselhos (e preocupado), mas a verdade é que foi ele que fez a O.T. para todas as reuniões de departamento,convocadas de urgência, por causa dos ditos papeis que era preciso apresentar para aprovação no CP. Os meus colegas acharam que eu tinha razão, mas a verdade é que lá ficaram com os papeis (e decerto chateados pela minha não colaboração) e eu, para não repetir a cena, vou mesmo passar a usar o 102 para reuniões não de avaliação. A discussão da Matemática do 3º Ciclo está garantida com a reunião semanal que consegui só para nós, à custa da componente não lectiva.
Aqui só entre nós (será?), um desabafo: o mais sensato ainda é, se calhar, postar que vou respirar uns dias, e pronto. E vou mesmo respirar unicamente na sala de aula (nunca aprendi na E.F. que tipo de respiração se deve fazer perante putos que nos deixam sem respiração - ponho as mãos na cabeça? - mas isso é o menos, vale a pena) e continuar a respirar só por onde descobrir ar puro na vida neste país.
P.S. Mas deixo este comentário aberto a discussão, que mesmo que não poste... continuo o vir "escutar"
Estou de saída e encontro este belo comentário. Não há tempo para reflectir profundamente embora, pela leitura apressada que fiz, não me faltam motivos.
Relembro as palavras de um amigo em trânsito pela net: “Um epicuriano tem sempre uma certa dose de humor, porque o humor é um dos prazeres sublimes.”
Dizias que “nunca aprendi na E.F. que tipo de respiração se deve fazer perante putos que nos deixam sem respiração - ponho as mãos na cabeça? - mas isso é o menos, vale a pena) e continuar a respirar só por onde descobrir ar puro na vida neste país”. Palavras certas as tuas.
E se começássemos a trabalhar em apneia? ;-)
Isabel,a burocracia tomou conta do ensino, da saúde da justiça e de tudo. A estratéga do 102 loixada, porque ainda invento uns garfos e umas facas para contar.
Miguel essa de trabalhar em apneia é muito boa...podes começar. mas este espaço não era para ser uma aragenm? e cais outra vez na escola? tsss
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