O futebol ocupa, forçosamente, um lugar na minha escala de prazeres. Está bem, será um exagero, mas creio que poderia afirmar que a minha relação com o fenómeno é umbilical. Cresci com a sua prática e tornou-se profissão. Mais do que um passatempo foi o próprio tempo.
Variando de lente consoante os fins que me levam ao acontecimento, vejo no jogo um excelente meio pedagógico. A extensão do fenómeno é tal que a partir dele podemos tocar em tudo o que diz respeito à vida.
No final do jogo Braga-Porto pude observar as reacções de alguns dos seus intervenientes. As declarações à comunicação social dos jogadores e treinadores logo após “o apito do árbitro” geram, muitas vezes, espectáculos hilariantes. Mas disso não irei falar. Nem foi este o caso. O que importa destacar é a lógica dos discursos dos diferentes actores. Os jornalistas, atletas, treinadores. Nem sempre é possível demarcar os níveis do discurso, mas neste jogo, percebemos que o treinador do Porto não afina pelo diapasão dos treinadores especialistas em conversas de café. Aguardarei pela confirmação desta minha suspeita. A evasão deste treinador às questões de um jornalista centradas no julgamento do trabalho do árbitro logo após o desaire da sua equipa revela duas coisas: que o treinador é corajoso não se demitindo das responsabilidades e que não cede à tentação de “sacudir a água do seu capote”; que compreende a lógica interna do jogo.
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