domingo, novembro 2

Do básico ao superior

Li (durante) esta semana um excelente artigo de Teresa Carla Oliveira e Stuart Holland: "Retórica e realidades nas reformas do Ensino Superior e no Processo e Bolonha", na Revista do SNESup, e achei interessante deixar aqui uma das respectivas conclusões.

Depois de, citando Tinbergen e Pinder, explicarem a diferença entre integração positiva e negativa, os autores fazem notar que o Processo de Bolonha está a ser levado a cabo com uma estratégia de integração negativa, p. ex. através da redução de barreiras à mobilidade. Fazendo apelo aos objectivos de coesão social do Tratado de Roma, os autores alertam para o risco de o Processo de Bolonha promover uma mobilidade desigual em termos de classe social e económica.
"Se pretendermos obter mais valor acrescentado através da integração positiva no ensino superior europeu, uma das medidas melhores será um compromisso conjunto no sentido de estabelecer limites ao número de alunos por turma no ensino primário, secundário e superior, e a sua redução efectiva progressiva como um direito social e de cidadania em toda a Comunidade Europeia."
Na Finlândia, aparentemente, o número médio de alunos por turma é de dez: numa escola típica 30 professores estão encarregados de 300 alunos.
Considerar "as turmas com um reduzido número de alunos como uma meta educativa [...] seria um exemplo verdadeiramente útil de valor acrescentado derivado de uma política educativa europeia não limitada ao ensino superior, mas que integrasse elevada qualidade desde os níveis primário e secundário até ao superior."
E eu não podia concordar mais!

3 comentários:

IC disse...

Todos sabemos que a redução do número de alunos por turma é uma medida decisiva de qualquer governo que dê de facto alta prioridade à Educação (prioridade em medidas, não em palavras). Podemos compreender as dificuldades económicas do nosso país, mas talvez vários gastos, incluindo os dos aparatosos apetrechamentos tecnológicos (Magalhães, quadros interactivos, etc.), tivessem mais frutos se fossem antes para um início de progressiva redução de alunos por turma. Não são as novas tecnologias nas escolas que vão fazer melhorar as aprendizagens dos alunos. É importante introduzi-las, mas há coisas que deveriam vir primeiro. Além disso, no Orçamento nunca se vê uma verdadeira prioridade à Educação.

Anónimo disse...

Esta questão é óbvia e muita antiga. Só não a entende quem não está interessado na construção duma sociedade mais capaz, mais crítica, mais participativa. Mas a redução deve começar no pré-escolar e não no ensino primário, como aqui é escrito, porque é nesse sector que começa a adquirir-se tudo o que ficará para a vida, no completo sentido do termo. O mesmo se passa com os reforços na formação, no âmbito da matemática, ou da língua materna, ou das ciências, no 1º ciclo... Tudo é pensado como se a criança fosse uma "tábua rasa" até entrar nesse sector.
rita

Anónimo disse...

Claro que sim, reduzir as turmas.