O espectáculo tomou conta do nosso quotidiano. Agregado aos órgãos de comunicação social, o espectáculo aparece disfarçado de desporto, política, religião, informação, formação, etc. É incontornável a incursão mediática sobre as mais diversas manifestações humanas e não adianta carpir mágoas suspirando por um tempo que já lá vai. É a lógica imediatista, consumista e vertiginosa que ordena o quadro valorativo deste tempo. As reacções não tardam e ouvem-se os clichés: o país só pensa no futebol, os políticos são um logro, os jornalistas são caixas de ressonância deste ou daquele partido político, etc. Há uma tendência para reduzir os fenómenos sociais à sua dimensão mediática. Ao império do efémero poucos escapam e as maiores vitimas são os mais novos e os adultos acríticos. O país anda entretido com o futebol como anda distraído com a manigância política. As pessoas acompanham o desfecho do processo que envolve o primeiro-ministro como quem espera pelo final da novela das sete.
Como a ficção já tomou conta da realidade, nada nos poderá surpreender.
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