domingo, maio 27

Tema 2 - Saudade


(É um olhar solitário para trás... - Jan2007, Porto)


Dizem que é portuguesa. Que não há, noutras línguas, palavras que traduzam este sentimento, pelo menos com a força desta.

As nossas saudades, quais são? Que momentos? Que pessoas? Que sentimentos?

P.S. - Se o confrade-mor, assim o entender, pode mandar este tema musical para a entrada e servirá como fio condutor aos posts temáticos. Que podem, segundo entendi, trazer outros trechos musicais apropriados aos posts de cada um.

Alea jacta est.

8 comentários:

Anónimo disse...

Tema Saudade...
Estive tentada a não me importar de ser a primeira a comentar ao reparar que estou num país (e vou estar mais umas 3 semanas)cuja língua, aliás, cujas línguas não têm tradução para essa palavra. Mas desisti (apesar de já ter deslindado os acentos e a cedilha deste teclado), pois não sei se devemos responder em comentário ao desafio ao tema, ou se aguardamos pela nossa vez de postar para escrever sobre ele. (Eu sei que a proposta foi minha, mas vaga, quem tem que definir é o confrade-chefe eh eh eh)

Miguel Pinto disse...

Isabel, creio que não nos devemos de coibir de comentar.
Aproveito para endereçar os meus parabéns à Teresa e ao tsiwari pela oportunidade das duas entradas anteriores… Quanto à questão metodológica [não liguem ao preciosismo ;)] sugiro que a entrada do tsiwari fique a marinar durante esta semana enquanto vamos pincelando a caixa de comentários… :)
Pode ser?

Teresa Martinho Marques disse...

ACordo de manhã e venho a correr para o computador. Ligo o messenger. Quero ver a cara, ouvir a voz. Tão longe, durante tanto tempo longe. Todos os dias o ritual. E o secreto agradecimento ao passar dos séculos que permitem enganar um pouco a saudade.
Mas também saudade do ter tempo. Deitar-me nele sem pressas. Saudade de futuros que invento, de caminhos que não posso fazer. Saudade deste ou daquele amigo. De um dia quente de sol.
Só não tenho saudade... de ter saudade...

Anónimo disse...

Quando tive a primeira neta aprendi que, para lhe dizer que tinha saudades dela, deveria dizer "tu me manques". Será que ter saudades de algo significa necessariamente que esse algo nos faz falta? Eu tenho saudades da Lisboa dos meus 15 anos, era mesmo a Lisboa dos pregões matinais, também dos cheiros genuínos, dos sons das campaínhas dos eléctricos; no entanto, não me faz falta pois hoje detestaria ter que ir comprar o peixe logo de manhãzinha ou ter que gastar um tempão no eléctrico em vez da rapidez do metro. Como definir, então, estas saudades daquela Lisboa, tal como outras saudades de tempos e momentos a que, na verdade, não se quereria voltar??

Também tenho saudades das infâncias de todas as minhas crianças - das que há muito cresceram, e das que ainda são crianças mas eu olho pensando "não cresças tão depressa". Mas, será que crescer e amadurecer (envelhecer também, mas isso já é mais chato) é mudar assim tanto? Acho que é apenas acumular aprendizagens e experiência, o resto - a raiz - vai estando sempre presente.
Sinto falta do meu BI de há 10 anos atrás, mas, se pudesse recuar no tempo, não recuaria mais do que 20; no entanto, tenho saudades dos meus 15 anos.

Em suma: Para mim ter saudades nem sempre significa sentir falta ou desejar reviver.
Termino, então, acrescentando ao desafio do tsiwari mais uma perguntinha: quem deixa uma definição de saudade? (Não vale a que estiver no dicionário!)

tsiwari disse...

Saudade - substantivo adjectivado, forma única do verbo sentir/amar; estreitar/encolher de alma; nuvem de algodão envolta em sorriso; retorno inesperado ao tempo que era só nosso e só nós não o sabíamos, às personagens que estarão sempre do nosso lado (e muitas acham que partiram), às emoções,... ; melodia duma sinfonia só nossa, banda sonora da alma; poesia e prosa sem conta nem medida; baú de singelas afeições;...


Música em fundo: "Saudade, meu bem saudade", por Nana Caymmi.

Teresa Lobato disse...

Vou ser mais objectiva (podem pensar que não sou romântica, mas não): saudade é a falta de alguma coisa.
Eu tenho saudade das minhas filhas, que não estão perto de mim, dos meus pais, que já morreram, da minha cadelinha Lady, que também já morreu, e da minha gata Bia, que fugiu. O Paulo, meu marido e companheiro, preenche tudo o resto que possa ser considerado de saudade. Eu não estou feliz, EU SOU FELIZ. Amo a minha vida AQUI e AGORA. Obrigada, Paulo.

Miguel Pinto disse...

30 de Maio de 2007… que saudade daqueles que me moldaram, e ainda moldam, o carácter…

AnaCristina disse...

Na minha curta vida, juntei pessoas das quais tenho saudade porque não vejo há algum tempo... mas tenho sobretudo saudades de locais, paisagens, museus, filmes, e dos sentimentos que essas coisas todas me provocaram... afinal, foram elas que me fizeram... Saudades tenho de ser universitária, dos meus amores intensos e destruidores, da infinidade de tempo com que vivia o dia a dia, da força que sentia ao lutar pelo que queria, de não ter preocupações com dinheiros e coisas mais terrenas... Quanot à parte do "sinto falta" dos ingleses e dos franceses, eu sinto falta de ter tempo!!