quarta-feira, outubro 1

Sentimento de insegurança e o silêncio conivente.

É consensual a ideia da existência de um ambiente geral nas escolas que se caracteriza por uma receptividade difícil ao novo Modelo de Avaliação de Professores. Aliás, este sentimento é perceptível através de testemunhos de colegas oriundos de todos os pontos do país recolhidos em vários fóruns de discussão, nomeadamente, na blogosfera docente. É o sentimento de descrédito na Avaliação de Professores e no seu contributo para o Desenvolvimento Profissional, o que revela a existência de uma visão pessimista de que é impossível “fazer bem” aquilo que a lei manda fazer. Este clima é agravado pelo ambiente de conflitualidade mais ou menos latente entre intervenientes, que poderá ser justificado pela falta de confiança mútua entre professores face aos colegas titulares. Por outro lado, existem problemas que resultam da desinformação suscitada por diferentes interpretações da lei, da entropia nas escolas gerada pela incontinência legislativa deste governo e pelas limitações objectivas do sistema de avaliação imposto.

A meu ver, o sentimento de desconfiança surge agregado a um sentimento de insegurança, que pode ser traduzido pela seguinte questão:
Será que a nossa formação inicial, gerada pela instituição do ensino superior que nos acolheu e cuja marca de profissionalidade é indelével, evoca aquele professor de formato único que surge plasmado nas grelhas do ME?

E se não me encaixo nesse perfil funcional, o que têm a dizer as escolas de formação de professores? Será que o aperto financeiro em que vivem pode justificar o silêncio conivente com as políticas deste governo?

3 comentários:

Avó Pirueta disse...

Nem sei como agradecer-lhe por ter posto tão bem o problema. Agora, que ele está bem definido, (ele, o problema), está na hora de procurarmos a solução. Lembremo-nos do que Karl Popper disse sobre como é extraordinário encontrarmos um problema, apaixonarmo-nos por ele e viver feliz com ele até que ele se resolva... Se lhe interessar a citalção, diga, que terei muito gosto em escrevê-la neste espaço. Obrigada. Avó Pirueta

Anónimo disse...

Gostava muito que nos tuteássemos, Carmo. Pode ser? :)
Obrigado pela citação bem oportuna do KPopper.
Eu gostava muito de ter encontrado o problema. Só que quanto mais penso no assunto mais difuso ele se manifesta. Creio que ainda não estou em condições para casar com ele ;) o que a acontecer seria, esse sim, um enorme problema aqui em casa.

Avó Pirueta disse...

Miguel, é claro que podemos ser tu cá, tu lá... Simplifica as coisas. O problema, definiste-o muito bem: será que nos vamos dar por incompetentes para fazer a Avaliação? É claro que dificilmente se acerta às primeiras, mas nós somos PROFESSORES! Que atestado estamos a passar a nós mesmos? Quando dizemos que aqui e ali se está a fazer mal é porque sabemos que, dentro da lei, se podia fazer bem, não é verdade? Sabes, fico com a ideia de que os docentes é que continuam a não se querer entender, muitas vezes. Aquela nossa sagrada autonomia... Leste a entrevista do Arsélio Martins na revista do JN de domingo? Aconselho. Um abraço da Carmo