segunda-feira, setembro 29

Uma opiniãoo ainda mais personalizada sobre a Avaliação

Sei que talvez não seja muito sensato ou produtivo mas gostaria de afirmar a minha posição ainda de forma mais pessoal:
Primeiro: estamos todos de acordo em que a avaliação que existia não era nada, era menos que nada, permitia a consagração da fachada, da funcionalização. Quantos professores eram avaliados com o raríssimo "Não Satisfaz"? E quantos documentos apresentados nos relatórios eram consabidamente falsos? Quantos relatórios eram copiados a partir de outros?
É claro que concordo que há mais Professores que professores, mas o prejuízo causado por um só professor pode ofuscar, diminuir, impedir, sabotar, o trabalho de 10 Professores.Sou pela Avaliação, sim! Eu própria, ao atingir o 10º escalão, pedi, como era meu direito, para ser avaliada externamente à minha Escola. Porque não queria sair da Escola com o mesmo mísero "Satisfaz" de pelo menos três colegas que se aposentariam no mesmo ano que eu.
Podem pensar que isto é orgulho, soberba, mesquinhice, demasiada auto-estima. Pois eu pensei que estava a fazer justiça ao meu trabalho como Professora!
O que penso ainda é que a Avaliação, tal como a vejo, deve ser formativa, isto é, a sua principal finalidade deve ser melhorar o desempenho mais do que "catalogar" o docente como mau ou bom. Essa ideia criámo-la nós, Professores maiúsculos e minúsculos, quando usamos os testes para "ver" quem aprendeu e quem não aprendeu. Na minha óptica, os testes eram primeiramente para eu aferir o meu próprio trabalho e só interessavam se me permitiam ver o que tinha falhado com alguns e porquê. Logo, com os docentes a Avaliação tem de ter esse objectivo. Quem a usar para sobressair (como avaliador), para humilhar, para se vingar, para se apropriar de técnicas e estratégias dos avaliados não merece ser avaliador e deveria ser avaliado negativamente como tal.
Estamos todos no mesmo barco: queremos uma Educação melhor, uma Escola mais activa, mais atractiva, uma Relação interpessoal mais humana. Se a Avaliação não permitir tal, se for realizada com papel e lápis, tesoura e esquadro, fita métrica e relógio, sem alma, sem coração, sem solidariedade, sem justiça, então nem sequer vale a pena começar.

4 comentários:

IC disse...

Por eu estar de acordo com esta opinião da Carmo é que deixo uma pergunta, tomando as suas últimas palavras: "Se a Avaliação não permitir tal, (...) então nem sequer vale a pena começar". A pergunta é: Então, vale a pena começar com o actual modelo de avaliação?
Com o actual modelo, burocrático, com grelhas e grelhas, e também com o não reconhecimento pelos professores da qualificação para avaliar de vários avaliadores devido aos duvidosos critérios de acesso a titular, há condições - tempo e clima - para uma avaliação formativa?

JMA disse...

O mais certo é não haver! Mas porque é "impossível" não começar, que se limitem ao menos os danos...

FranciscoSantos disse...

Lamento discordar de tão distintas opiniões.
Claro que também acho que é impossível dar a este modelo de avaliação o carácter formativo que a Carmo (Avó Pirueta) defende, e com o qual penso que todos concordamos.
O ponto é saber se devemos fingir que é possível fazer uma avaliação formativa, quando todos temos consciência que o objectivo da política que enforma esta avaliação não é esse.
A escolha que fizermos sobre a aceitação ou o combate a este modelo é uma escolha política. Não há volta a dar.
E ser professor também é não fugir à responsabilidade das escolhas, incluindo as políticas. Até porque, no meu entender, não há Educação sem haver opções quanto aos valores éticos e políticos em que nos movimentamos.

JMA disse...

Não consigo entender o alcance prático das escolhas (por definição sempre limitadas)a que se refere o FS. Por outro lado, também me é difícil ver a questão em termos assim dualistas (maniqueístas?) do Preto ou Branco. Como é óbvio, mera posição.