sexta-feira, fevereiro 29

terça-feira, fevereiro 26

?

“Quanto a este nosso espaço - Bjork sussurra : it's all so quiet, shhhhshhhhh shhhhhh” (TsiWari)
A nossa atenção está, de facto, mais... mais "umbiguista"(?) do que seria desejável. E por falar em umbigos, tenho pensado muito sobre a situação actual, sobre o "pós-lurdismo" e a possibilidade de manutenção das políticas educativas. Tenho andado entretido lá no meu casulo, lançando os meus olhares sobre uma pequena face da realidade que me rodeia. Regresso a este espaço de partilha para vos dar conta da minha apreensão sobre o nosso futuro colectivo e o modo como devemos preparar esse devir.
Estou convencido de que esta ministra não terminará a legislatura, desde que os professores persistam na luta. Beemmm, admitamos que a ministra chegará ao fim da legislatura: quero crer que será inevitável a renovação na pasta da educação. Sócrates, com ou sem maioria, não se atreverá a romper o actual ECD: manter-se-á a divisão da carreira; o sistema de avaliação, talvez um pouco mais refinado; a mesma sobrecarga de trabalho...

A confirmar-se o cenário “mais do mesmo”, como transformar a actual e intensa onda de colaboração artificial numa cultura de colaboração mais genuína, em cada escola situada?

A vil arte da não resposta

Muito haveria a dizer sobre o debate de ontem com a senhora ministra.

Muito já foi dito/escrito. Só três pikenapontamentos e um desabafo:

1 - Fico com aquela sensação de ter sido defraudado, mais uma vez, por não haver respostas a perguntas concretas. Lembro-me, por exemplo, da do tal papel sem timbre nem assinatura - referido repetidamente...

2 - A senhora que adora os professores e os acha tããããoooooo competentes trai-se ao afirmar que era muito mais fácil nada fazer e, nessa altura, eles não se incomodariam. Hein?? Onde fica a competência dos professores, afinal?

3 - A Fernanda Velez, frontal, formosa e segura. Foi pena a politização... desnecessária, do meu ponto de vista.


a) Quanto a este nosso espaço - Bjork sussurra : it's all so quiet, shhhhshhhhh shhhhhh

;(

terça-feira, fevereiro 19

Premiar o mérito ou premiar a superação das dificuldades?

A ministra da educação disse, no fórum da TSF, que a avaliação do desempenho docente tem como principal objectivo premiar o mérito. Para a ministra, a essência da avaliação é o reforço da função selectiva. Há que comparar os desempenhos dos docentes em relação a uma norma que foi definida externamente. Há que saber que lugar ocupa o professor no grupo de docentes. Foi esta a lógica que prevaleceu no primeiro concurso de professores titulares e será agora generalizada com o modelo de avaliação de desempenho em curso. Como é que foi apurado o mérito dos titulares? Reduzindo o conceito de mérito a um conjunto de experiências ligadas à vida nas escolas. Não existiu aí nenhum indicador de excelência o que prova a iniquidade do processo. Adiante...

Esta função exclusiva da avaliação não permite aferir a regularidade do esforço, a motivação do docente e a evolução do processo de superação das dificuldades. A função formativa da avaliação é relegada para um plano residual.
Paradoxalmente, esta ideologia meritocrática da ministra é defendida apenas para o desempenho do trabalho docente. Ela é proibitiva [e bem] quando está em jogo a avaliação do desempenho do trabalho dos alunos; é ignorada [e mal] no desempenho de responsáveis por cargos dirigentes nas estruturas intermédias e superiores do sistema escolar.

A defesa da avaliação formativa do desempenho docente tem sido muito débil. Por pudor, os professores aceitam tacitamente a tese meritocrática. Recusar a meritocracia poderia ser entendido como o reconhecimento de improficiência. A defesa de um sistema de avaliação eminentemente inclusivo e formativo poderia ser entendido como um sinal de fraqueza e a confirmação de que “quem deve teme”. No palco mediático onde se joga a demagogia, o professor foi obrigado a aceitar como uma fatalidade a avaliação normativa. Não foi capaz de rebater uma retórica oficial que explorou as fraquezas de uma classe dividida e fragilizada face à degradação das condições de trabalho e à fraca auto-estima.

É preciso recuperar os argumentos que coloquem a avaliação formativa no centro do debate. É preciso desmitificar a meritocracia e os discursos de performance.

:o)

- No Alentejo, um autocarro que transportava políticos chocou com uma
árvore. Pouco depois chegou um jornalista e perguntou a um alentejano
que estava por ali com uma pá na mão:
- O Sr. viu o que se passou?
- Vi sim senhor. O autocarro com os políticos espetou-se no chaparro.
- E onde estão os políticos?
- Enterrei-os.
- Mas não estava nenhum vivo?
- Alguns diziam que sim, mas o Sr. sabe como são os políticos...

domingo, fevereiro 17

tchim tchim...

Parabéns, Miguel! Muitas felicidades!

Um brinde ao nosso confrade-mor :o). E estou certa de que ele gostará que brindemos também à causa que nos juntou nesta Aragem, causa que é a mesma pela qual um dia escolhemos a profissão de Professor - a Educação e o Futuro de todas as crianças do nosso país. E estendamos o brinde aos muitos e muitos que continuam a pugnar por essa grande causa.

(Desculpem... Não pretendi fazer nenhum discurso, foi só um pensamento espontâneo e muito sincero)

domingo, fevereiro 10

Afinal...

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... o rei vai nu! [Pintura de Vavrova]


" Sou muito um produto dos meus professores. Numa altura em que se fala tão mal da Educação e dos professores, também queria passar esta mensagem, de como os professores são guias fundamentais para as pessoas."
Isabel Carlos, curadora e crítica de arte [Na revista tabu, do semanário Sol, de 9 de Fevererio de 2008]



Há palavras (assim sensatas, verdadeiras, justas, ...) que me chegam com a força de uma peça musical magistralmente interpretada.

Como este Blues for 2 de Zoot Sims & Joe Pass:




sábado, fevereiro 9

Só para dizer...

Só para dizer que os Pareceres do Conselho das Escolas e do Conselho Nacional de Educação sobre a Proposta do Governo de alteração da gestão das escolas, certamente muito devem ao debate público que teve na blogosfera um palco privilegiado. E neste particular, o Aragem também deu o seu meritório contributo.

sexta-feira, fevereiro 8

De quando em vez, a justiça faz jus ao nome


O Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa admitiu liminarmenete uma providência cautelar para adiamento da avaliação do desempenho dos professores interposta no início de Fevereiro.


Um dia feliz e sensato.

quinta-feira, fevereiro 7

O novo estatuto do aluno


(Vendo melhor... figura recolhida na net)

A Lei n.º 3/2008, de 18 de Janeiro, só por si, seria suficiente para acabar de vez com a tranquilidade da vida duma qualquer escola, tais são as suas implicações.


Algumas são de minúcia...

Onde na lei 30/2002, de 20 de Dezembro se lia "Estatuto do Aluno do Ensino não Superior" agora na sua remodelação lê-se "Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário".

Onde se lia, nos Objectivos, "em especial promovendo", agora lê-se "promovendo, em especial", idem para "os funcionários não docentes" agora "o pessoal não docente" (art.º 4.º), e "o professor da turma, adiante designado por professor titular" agora "o professor titular de turma" (art.º 5.º) - esta não é de minúcia. ;)

Mas outras coisa há, lá escritas, que são tudo menos de minúcia. Refiro-me no que em tudo concerne aos efeitos das faltas dos alunos.

"Artigo 22.º
Efeitos das faltas
1 — Verificada a existência de faltas dos alunos, a escola pode promover a aplicação da medida ou medidas correctivas previstas no artigo 26.º que se mostrem adequadas, considerando igualmente o que estiver contemplado no regulamento interno."

Ora, não distinguindo entre faltas justificadas ou injustificadas, levanta-se-me logo aqui uma dúvida... Um aluno que falte por doença - imagine-se um qualquer caso que implique, por exemplo, internamento. Quando chega à escola, qual das medidas correctivas previstas será considerada adequada? O cardápio contém:

"São medidas correctivas(...)
b) A ordem de saída da sala de aula, e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar;
c) A realização de tarefas e actividades de integração escolar, podendo, para esse efeito, ser aumentado o período de permanência obrigatória, diária ou semanal, do aluno na escola;
d) O condicionamento no acesso a certos espaços escolares, ou na utilização de certos materiais e equipamentos, sem prejuízo dos que se encontrem afectos a actividades lectivas.
e) A mudança de turma."

Perguntar-se-ia, e se nenhuma for considerada adequada? Mas o artigo 22 é claro:

"2 — Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo do ensino básico, ou ao triplo de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos 2.º e 3.º ciclos no ensino básico, no ensino secundário e no ensino recorrente, ou, tratando -se, exclusivamente, de faltas injustificadas, duas semanas no 1.º ciclo do ensino básico ou o dobro de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos restantes ciclos e níveis de ensino, deve realizar, logo que avaliados os efeitos da aplicação das medidas correctivas referidas no número anterior, uma prova de recuperação, na disciplina ou disciplinas em que ultrapassou aquele limite, competindo ao conselho pedagógico fixar os termos dessa realização."

Bem... estou a imaginar o diálogo:
- Ana, faltaste porque (tiveste uma apendicite, não te apeteceu vir, ou qualquer outro motivo)? Então vais aprender e é já: rua! Fora da sala de aula
Ou será algo como:
- Bernardo, não tens vindo às aulas? Sabes que te fazem falta... Não entendeste ainda isso? Olha, para já vais para a rua...

É assim que se quer promover a importância que as aulas têm? Medidas correctivas? Faltaste....vais para a rua! Como???

Outro conceito que me faz confusão...o de prova de recuperação. Hein??? Existem alunos que recuperam fazendo provas? Há provas de avaliação de conhecimentos que recuperam alunos??? Que provas milagrosas são essas?

Outra coisa que não entendi ainda... Os alunos do ensino básico fazem provas de recuperação (que conceito fantástico!) a áreas curriculares não disciplinares? Estudo acompanhado, p.e., é uma disciplina? Se o é - a Lei fala apenas em disciplinas, sem explicitar bem o que tal coisa seja - como será uma prova de recuperação a tal área, uma vez atingindo os limites especificados de faltas?

A cereja em cima deste bolo surreal. Encontro promovido por uma Equipa de Apoio às Escolas. Duas funcionárias da Direcção Regional presentes. Uma questão do público :

- Já avaliaram as implicações do novo estatuto do aluno nos cursos CEF e Profissionais?

Resposta pronta da especialista, sem qualquer nesgazinha de dúvida:

-Ah! Isso não se aplica a esses alunos. Os cursos CEF e Profissionais têm regulamentos próprios...

Huuuum...

"Artigo 3.º
Âmbito de aplicação
1 — O Estatuto aplica-se aos alunos dos ensinos básico e secundário da educação escolar, incluindo as suas modalidades especiais."

Alguém devia ter lido melhor a Lei... digo eu.

terça-feira, fevereiro 5

:)

[Junto ao anedotário esta pequena provocação... ;)]

Um homem caminhava pela praia de Cascais e tropeçou numa velha lâmpada.
Pegou nela, esfregou-a e... um génio saltou lá de dentro, que disse:
- O.K! Libertaste-me da lâmpada, blá, blá, blá! Esquece aquela história dos
3 desejos! Tens direito a 1 desejo apenas e ponto final!
O homem disse:
-Eu sempre quis ir à Ilha da Madeira , mas tenho um medo enorme de voar...
e no mar costumo ficar enjoado. Podes construir uma ponte até à Madeira, para eu poder ir de carro?
O génio riu muito:
- Impossível. Pensa na logística do assunto. Como é que os pilares chegavam ao fundo do Oceano Atlântico? Pensa em quanto betão armado, em quanto aço, em quanta mão de obra... Não, de maneira nenhuma! Pensa noutro desejo...
O homem compreendeu e tentou pensar num desejo realmente possível.
-Fui casado e divorciado 4 vezes. As minhas mulheres disseram sempre que eu não me importava com elas e que era um insensível. Então, é meu desejo compreender as mulheres; saber como se sentem por dentro e o que estão a pensar quando não falam connosco; saber porque estão a chorar... Saber realmente o que querem quando não dizem nada... saber como fazê-las realmente felizes!
O génio respondeu:
-Queres a porcaria da ponte com três ou quatro faixas?

domingo, fevereiro 3

Ai dos putos que se atrevam a não votar


(acta de eleição número 12 - algures da net)



Pelo Despacho Normativo n.º 1/2006, de 6 de Janeiro de 2006, que regulamenta a constituição, funcionamento e avaliação de turmas com percursos curriculares alternativos, ficamos a saber quem são os destinatários deste tipo de turmas.


"2 - Os percursos curriculares alternativos, agora previstos, destinam-se aos alunos até aos 15 anos de idade, inclusive, que se encontrem em qualquer das seguintes situações:

(...)

d) Registo de dificuldades condicionantes da aprendizagem, nomeadamente:

forte desmotivação,

elevado índice de abstenção,

baixa auto-estima e falta de expectativas relativamente à aprendizagem e ao futuro,

bem como o desencontro entre a cultura escolar e a sua cultura de origem."


Dispenso-me de comentar as expectativas baixas, os desencontros e a baixa auto-estima. Daria azo não a um post mas a todo um blog!


Mas a da abstenção é de mestre. Isto sim...quais aulas de formação cívica qual o quê!
Para o absentismo, temos as provas previstas no novo estatuto do aluno. Para os que não tomam partido nas eleições para delegado e subdelegado de turma, as turmas de percurso curricular alternativo. Está resolvido!


P.S. Não se esqueçam, colegas docentes (professores ou não) de acrescentar este item às grelhas de registo de observação de aulas!