domingo, maio 24
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sábado, maio 2
Articulação curricular – revisitar os fundamentos
Quando dizemos que a educação escolar visa a formação integral das crianças e jovens estamos a dizer duas coisas muito simples: 1. Que a personalidade é multilateral e harmoniosamente desenvolvida; 2. Que as disciplinas escolares cooperam no desenvolvimento dos diversos aspectos da personalidade.
A organização do sistema educativo, os conteúdos curriculares e os programas de ensino, devem estar devidamente articulados, direi, harmoniosamente articulados, porque se crê que a harmonia do sistema escolar é conexa à harmonia do desenvolvimento da personalidade das crianças e jovens.
É neste sentido que eu defendo que a articulação curricular está impregnada no meu conceito de escola. A articulação curricular não é mais do que uma forma de facilitar a assimilação de cultura às crianças e jovens e porque é uma forma de tornar mais eficiente o processo educativo. Mas convém relativizar a importância da articulação curricular no processo de formação da personalidade dos sujeitos:
- Primeiro, porque as crianças e jovens têm uma palavra a dizer na sua própria formação, isto é, são sujeitos “activos. Quero com isto dizer que as crianças e jovens não são apenas objecto e produto das relações sociais e das actividades em que participam. São também sujeitos activos, actuantes e transformadores das suas circunstâncias.
- Segundo, porque é possível o desenvolvimento da personalidade dos sujeitos sem um sistema educativo coerente e articulado. Recusar esta evidência é admitir que o sistema educativo português nunca educou. Recusar esta evidência é fazer-de-conta que a articulação curricular foi mais do que algumas experiências de colaboração avulsas, reguladas administrativamente, compulsivas e orientadas para a implementação de ordens superiormente determinadas.
A IC enfatizou, no comentário à minha entrada anterior, as possibilidades e dificuldades da articulação curricular. JMA considera que é necessário intervir a montante. Subscrevo os dois pontos de vista. Mas eu não sei a que "montante" se refere o JMA. Sei que a escola, como um espaço de ensino e aprendizagem, em qualquer área do conhecimento e da cultura, deve consubstanciar, antes de mais, um processo pedagógico de desenvolvimento da personalidade, tem de ordenar valorativamente as actividades escolares, já que são as actividades que suscitam a autonomia, um determinado grau de consciência e um determinado grau de criatividade às crianças e jovens.
O reino das articulações débeis num modelo escolar fabril
E é porque esta gramática possui estas bases que é muito difícil a articulação do currículo, dos espaços, dos tempos, das pessoas.... A área escola (que era o dito pulmão da reforma curricular) morreu de inanição. A área de projecto tem dificuldade de afirmação. Isto não quer dizer que não se tenha de inverter a lógica de organização. Tem. Mas é necessário intervir a montante. Para que o esforço individual e colectivo tenha algum sentido e eficácia.